arte minimalista

Geraldo Evangelista de Azevedo[1]

Um caminho possível para definir a arte minimalista é concentrar nos seus efeitos. No desejo de expressá-la, os artistas minimalistas estão sempre buscando fazer com que suas obras, seja na pintura, na escultura ou na literatura, ultrapassem as fronteiras do abstrato especulativo, e que resultem numa manifestação do concreto tal como ele é dado na intuição sensorial, ou seja, útil, limpo e simples.  

Os minimalistas são utentes e sectários das formas simples. Uma exposição minimalista nos traz poucas informações e quase nenhuma narrativa sobre a forma e sua concepção, mas que atende ao conceito contemporâneo, penso eu, e a máxima do adágio “menos é mais”.

Este movimento artístico valoriza as formas geométricas dentro da perspectiva da simplicidade com uma quantidade mínima de objetos. Ele traz nas suas formas e nas suas cores, um lembrete ao expectador do espaço (aqui) e do tempo (agora). Nos seus efeitos, o expectador está mais presente neste espaço e neste tempo.

A arte minimalista traz no seu bojo, como valor estético uma intencionalidade do artista, nada neste campo é neutro. É possível, no seu efeito estético, encontra dois pontos que podem elucidar o propósito do artista minimalista; primeiramente espera-se aproximar pessoas, impactar de certa forma as suas relações e em segunda ordem, fazer ponte entre a mente que interpreta e o objeto manifesto de forma que, consequentemente, quando se faz uma leitura da obra, uma narrativa fictícia dela seja prescindível. 

No contexto histórico, a arte minimalista aparece em meados da década de 1950 e 1960, nos Estados Unidos, como forma de negação à arte iluminista e metafórica. Este é um período pós-guerra. Então, não é nada fora de propósito, que surja uma arte com uma evidente proposta de valorização dos modos industriais da produção e com forte apelo à modernização da vida cotidiana.

É neste cenário que se manifesta também uma certa dependência do artista para com a indústria. Sua produção é subordinada e aglutinada aos meios de produção. Parece ser destinada a obedecer a um dispositivo determinante da necessidade presente. Produz-se para um fim.    

A arte minimalista é desprendida intencionalmente da chamada poluição visual. Nela as informações são cuidadosamente selecionadas, com dileção pelo estético que visa provocar o efeito de afastamento do pandemônio cotidiano. 

Nas esculturas de Donald Judd (1928-1994), o efeito minimalista é o de “superar o aspecto ilusório e narrativo das obras pictóricas”[2]. Nelas encontramos o apreço pelo aspecto temporal e espacial. É agora temporal) que tudo é organizado e é aqui (espacial) que tudo acontece.

O abstrato silêncio e o destaque da interioridade são marcados nas produções da pintora canadense Agnes Martin (1912-2004)[3].

Nas obras do artista norte-americano Sol LeWitt (1928-2007)[4], encontramos uma valorização do volume e da superfície dos objetos, quase sempre em formas de cubo.

O cotidiano urbano está povoado de objetos utilitários, que em muito carrega a semelhança da simplicidade e objetividade das obras da artista mineira Ana Maria Tavares (1958)[5] .

Carlos Fajardo[6] e Ana Maria Tavares[7], ambos são considerados artistas que investigam a escultura e sua instalação. Ele através da pintura e do desenho, ela pelas esculturas. Eles e outros artistas brasileiros como Fábio Miguez, Carlito Carvalhosa, Cassio Michalany entre outros desenvolveram a arte minimalista no Brasil com a proposta de apresentar formas artísticas    com adequações estéticas do minimalismo da América e da Europa no cenário artístico brasileiro.  


[1] Licenciado e bacharel em Filosofia, Mestrando em Educação, Arte e História da Cultura, ambos pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

[2] JUNIOR, Vanderlei Bachega – Professor de Arte e teatro. Graduado em artes Cênicas pela Universidade Estadual de Maringá, habilitação em licenciatura. Mestre e doutorando em Teatro pela PPG em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina. Possui especialização em Voz Profissional pela Unyleya. Artista e produtor cultural em Maringá. Dedicado ao ensino fundamental, médio e ao superior.

[3] Agnes Bernice Martin foi uma pintora abstrata canadense. Seu trabalho foi definido como um “ensaio discricionário sobre a interioridade e o silêncio”. Embora muitas vezes seja considerada uma artista minimalista, Martin se considerava uma expressionista abstrata

[4] escultor, pintor, fotografo, desenhista, muralista, artista gráfico.

[5] Ana Maria da Silva Araújo Tavares é uma artista plástica brasileira, que vive e trabalha em São Paulo

[6] Artista multimídia. Carlos Alberto Fajardo frequenta o curso de arquitetura na Universidade Mackenzie, em São Paulo, entre 1963 e 1972. Na década de 1960, estuda pintura, desenho, comunicação visual e história da arte com Wesley Duke Lee (1931 – 2010), e música contemporânea com Diogo Pacheco (1925)

[7] Idem 5

Referências:

MINIMALISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São        Paulo: Itaú Cultural, 2021

Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia – acessado em 20/06/2022 – 19h23

ARTE E PSICOLOGIA

Flávio Ponzio

Sobre “arte”, o dicionário Aurelio nos traz que é define como “a capacidade que tem o homem de pôr em pratica uma ideia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria”. Já sobre “psicologia”, o professor Aurelio Buarque de Holanda a define como “a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento”. Isso nos parece bastante simples de se entender do ponto de vista etimológico. Porém, o homem tem sido capaz de combinar e interpretar estas duas palavras de diferentes formas ao longo do tempo. A arte e a psicologia, combinadas entre si, podem ter significados bastante distintos e veremos alguns deles (muito bom!!!). Podemos falar da Arte na Psicologia, quando a produção criativa do homem é usada para tratamentos de diversos distúrbios psicológicos e até mesmo patológicos. Podemos também falar da Psicologia da Arte, significando a ciência praticada pelos psicólogos para perceber aspectos comportamentais e possíveis distorções sociais e atitudinais através da análise das diversas produções artísticas.

Conforme afirma Lev Vygotski[1], citado por Souza, Dugnani e Reis em seu artigo Psicologia da Arte: fundamentos e práticas para uma ação transformadora, “todo sentimento e emoção interferem no modo pelo qual se apreende a realidade, o que significa que os afetos se tornam congruentes com as imagens, impressões e ideias que se têm do mundo. Assim, quando estamos alegres vemos com olhos totalmente distintos de quando estamos melancólicos”. (Página?) Podemos entender, portanto, que, segundo Vygotski as produções criativas do homem serão fruto direto dos sentimentos e emoções e que estes diferem de indivíduo para indivíduo, pois a interpretação de mundo é totalmente individual e, também, intransferível. Sabemos ser impossível um indivíduo transferir para outro indivíduo sua tristeza, mas este mesmo indivíduo pode, sim, apresentar ao outro sua interpretação das coisas e situações que a vida lhe impõe e alcançar a empatia por parte do outro, mas não passar para o outro sua tristeza e mostrar-se mais feliz em seguida.  Podemos ainda citar Ferreira Goulart[2], que nos deixou o dizer: “A arte existe porque a vida não basta” frase que foi transformada em filme para homenagear o grande poeta maranhense. Ou seja, o ser humano necessita expressar-se para além de seu cotidianismo. Mostrar ao outro quem é, como vê e interpreta o mundo.

Portanto, nos resta pensar que uma obra de arte existe para tocar nos afetos e humores (essa frase precisa ser modulada, pois haverá controvérsias…). Ela é a forma pela qual se transforma o interno em externo, o tácito em explícito (será?), em suas diversas formas – pintura, poesia, música, fotografia, cinema, teatro.

Ainda um outro significado pode ser atribuído ao termo Psicologia da Arte: tratam-se de produções – as mais variadas – cuidadosamente estudadas para gerar alguma reação no outro. Quando vemos um filme que nos emociona ou diverte, quando vemos uma pintura que toca em nossos sentimentos, quando visitamos um prédio com arquitetura inusitada e que nos surpreende, ou ainda, quando visitamos uma escultura como o Big Been no Millenium Park em Chicago (autor) e nos vemos espelhados infinitamente, algo afeta nossa percepção das coisas e pode nos trazer tanto prazer quanto dor.

As cores das diferentes produções artísticas também fazem parte desta ciência Psicologia da Arte capaz de nos tocar. Max Pfister[3] soube, inclusive, usar as cores e suas combinações para interpretar, por meio de seu teste conhecido como As Pirâmides Coloridas de Pfister a personalidade humana e suas variações de humor em cada situação da vida.

Freud[4], chegou a analisar obras de arte como o Moisés de Michelangelo[5], observando que elas expressavam manifestações inconscientes do artista, considerando-as uma forma de comunicação simbólica, com função catártica[6]acho que vale dizer que é muiot conhecida essa analise além de outras…

Vamos agora falar da Arte na Psicologia, ou podemos ainda usar o termo arteterapia. Trata-se de como se utilizar da produção artística para fins terapêuticos nas diversas psicopatologias. Dependendo do tipo de transtorno de comportamento apresentado por um paciente, diversas técnicas de produção artística podem ser utilizadas. O psicólogo clínico, pode, além de utilizar a arte produzida por um paciente para analisar com maior cuidado as causas de sua patologia, através de técnicas consolidadas que avaliam desenhos, esculturas, combinação de cores etc., propor produção artística como meio de tratamento, o que se costuma chamar também de arteterapia”. Esta técnica acredita na concepção estética do ser humano, visto como um ser criativo, capaz de se transformar em artista da própria vida. “Conclui-se, então, que a arte pode ser uma ferramenta valiosa para a atuação do psicólogo nos mais diferentes contextos, vinculada ao seu compromisso ético de contribuir para que o sujeito se (re)constitua como autor da própria história (dos Reis, 2014)”. rever forma de citar e colocar página.

Esta técnica difundiu-se com bastante aceitação, a ponto de hoje ser utilizada nas mais diversas frentes da Psicologia, como na escola, nas organizações, nos hospitais gerais e na psicologia aplicada à reintegração social.  

No Brasil, profissionais como Osório César[7] que criou a Escola de Artes Internas do Juqueri – hospital psiquiátrico em Franco da Rocha, São Paulo e Nise da Silveira[8] que, em 1946, criou o departamento de Terapia Ocupacional no Hospital Pedro II no Rio de Janeiro, foram os precursores da aplicação da produção artística como tratamento psiquiátrico. A técnica nada mais é do que propor aos pacientes produções artísticas variadas. O paciente, ao se ver desafiado a criar algo, acaba por expressar seus sentimentos internos na concepção de suas obras. Com isso, e sendo bem orientado e estimulado corretamente por quem o acompanha, pode recuperar sua autoestima, muitas vezes afetada pela doença. Pode, inclusive, reviver processos traumáticos através das obras artísticas que produz chegando, até mesmo, a resolver estes conflitos.

Muitas vezes, em nosso dia a dia, ouvimos artistas e críticos de arte relacionarem arte e psicologia.  Através da análise estética da obra, muito da personalidade do autor-artista pode ser revelada, como já dissemos. Não podemos nos esquecer, entretanto, que a análise de uma obra de arte, sob o ponto de vista psicológico, será também influenciada pelo olhar de quem a avalia. O crítico de arte, não tendo uma formação em psicologia ou mesmo não adotando um viés psicológico em sua avaliação, poderá tanto ser mais isento em sua análise da obra, primando por um olhar técnico aplicado pelo artista, como também menos profundo ao basear-se em suas concepções individuais de mundo.  

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Alex Moreira. Arte e psicologia: uma relação delicada. Núcleo de estudos e pesquisas psicossociais do cotidiano (org.). Introdução à psicologia do cotidiano. São Paulo: Expressão e arte, 2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. “Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira. (1986)

REIS, Alice Casanova dos. “Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo”. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 34, p. 142-157 (2014).


[1] Lev Vygotski (1896 – 1934) foi um psicólogo russo que propôs o conceito da Psicologia histórico-social

[2] Ferreira Goulart (1930 – 2016) pseudônimo de José Ribamar Ferreira – escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta maranhense

[3] Max Pfister (1889-1958) Foi arquiteto, bailarino e coreógrafo. Interessava-se pela arte em geral. Formou-se em Psicologia e criou o teste de dinâmica da personalidade avaliando as escolhas de cores que seus pacientes faziam ao pedir que construíssem pirâmides utilizando-se de pequenos quadrados coloridos.

[4] Sigmundi Freud (1856-1939) foi um psicólogo austríaco fundador da Escola Psicanalítica.

[5] Michelangelo di Lodovico Buinarroti Simoni (1475-1564), ou simplesmente Michelangelo foi um pintor, escultor, poeta, anatomista e arquiteto italiano.

[6] Catarse – palavra de origem grega usada para designar o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma ou medo.  

[7] Osório Thaumaturgo César (1895-1979) foi um renomado anatomopatologista, psiquiatra e intelectual brasileiro.

[8] Nise Magalhães da Silveira (1905-1999) foi uma médica psiquiatra brasileira.

Flávio, excelente verbete. Parabéns!

ARTE E PSICANÁLISE

Rafaela de Andrade Cruz

[1]Arte, de acordo com o dicionário X, é substantivo feminino que caracteriza o conjunto dos princípios e técnicas característicos de um ofício ou profissão. Na filosofia, segundo tradição que remonta ao platonismo, trata-se de a habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional. (de acordo c om o q? pois Filosofia é um campo bem amplo)> Refere-se também a produção consciente de obras, formas ou objetos voltados para expressão da subjetividade humana, os nossos sentimentos e opiniões, assim como para retratar as nossas experiências, transmitir informações e semear beleza, divertimento e reflexão. São expressões da arte: as artes plásticas, as artes visuais, as galerias de arte, o crítico de arte. É a tendência geral e/ou a totalidade das manifestações artísticas em determinada época, fase, lugar etc., como por exemplo a arte do Renascimento, a arte expressionista. Usa-se o termo para se referir ao talento, a contribuição própria da inteligência e da sensibilidade de um artista – por exemplo, a angústia da arte de Van Gogh, a estranha arte de Augusto dos Anjos.

[1], “Psicanálise” – é um substantivo feminino que se refere à teoria da alma (no sentido de ‘psique’) criada por Sigmund Freud (1856-1939, neurologista austríaco (seria correto dizer isso? verificar)). Trata-se de um método terapêutico criado por Sigmund Freud, empregado em casos de neurose e psicose, que consiste fundamentalmente na condução do processo de interpretação, por um psicanalista, dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo, com base nas associações livres e na transferência.

HISTÓRIA (acho que não é o caso de subtitulo aqui)

Essas duas formas de expressão e compreensão do homem, a Psicanálise e a arte do século XX, nascidas na mesma época se atraem, se distanciam e se esbarram e é sobre esses encontros e desencontros que este verbete tratará.

PSICANÁLISE NA ARTE

“Uma simples coletânea de sonhos sem as associações do sonhador, sem o conhecimento das circunstâncias em que eles ocorreram, não me diz nada, e mal consigo imaginar o que possa dizer aos outros”
(Carta de Freud a André Breton)

Então, se à Freud a simples expressão da obra não lhe diz nada, o que seria esse encontro entre a psicanálise e a arte?

Ambas se referem ao ser humano em seus aspectos mais profundos.
Vale aqui um parágrafo explicando que o proprio Freud escreveu bastante sobre arte….mesmo que depois diga que Freud tenha sido conservador etc etc…

Já que para (fulano) Lacan “toda arte se caracteriza por um certo modo de organização em torno do vazio. Não creio que seja uma fórmula vã, malgrado sua generalidade, para orientar aqueles que se interessam pela elucidação dos problemas da arte, e penso dispor de meios para ilustrá-lo de maneira múltipla e muito sensível.” (apud KOSOVSKI, 2022) e objeto de estudo da psicanálise é o insciente (existe essa palavra?) deste sujeito que se apresenta em todas as suas formas de expressão (fala, pensamentos, ações etc.).

Podemos pensar na psicanálise como transferindo o dito do artista, da imaginação para o real, atribuindo-lhe estatuto da verdade do sujeito. Contudo essa aproximação e interesse da psicanálise pela arte, não se fez presente em algo que possa ser entendido como uma “teoria da arte”, mas como recurso para pensar nos “paradoxos das satisfações humanas; à repetição e criação do novo; ao objeto em jogo no fascínio e na angústia; à catarse e purgação dos afetos; à estrutura e função da fantasia; aos problemas postos pela estética” (KOSOVSKI, 2022), entre tantos outros.

CRÍTICA DE ARTE E PSICANÁLISE

Pode-se pensar nessa articulação tanto na práxis psicanalítica e como no campo da crítica de arte, tratando-se o real pelo simbólico (isso significaria o que?) . Contudo, há a ilusão na figura do “psicanalista-crítico de arte”, pois o saber que este detém pouco se diz respeito ao mundo das artes, o lugar que ele ocupa pouco ou nada terá a acrescentar ao trabalho da crítica.

Apesar de Lacan discorrer sobre a arte, ele próprio fala sobre sua posição ao esclarecer que “indicar referências como essas, não é de modo algum entrar no jogo histórico, movente, da crítica” (LACAN apud KOSOVSKI, 2022).

Pode-se dizer que o crítico é aquele que, de modo simplório, dentre outras funções, está investido do papel de tentar estabelecer uma conexão entre o público e a obra de arte, fazendo transpor a sua legitimidade. O que reforça a distância do papel deste com o do psicanalista.

ALGUMAS OBRAS

Em sua obra, A agressividade em psicanálise (REF), Lacan afirma que as representações de corpos despedaçados nos remetem à agressividade do sujeito, e representações estas que fazem parte das imagens do sonho do sujeito, revelando a dimensão real-simbólico-imaginário do sujeito.

Essa representação se apresenta em diversos momentos na história da arte. Tendo chamado a atenção de Lacan, o artista Hieronymus Bosch (1450-1516), considerado como um precursor do sSurrealismo pelos historiadores da arte. Em sua obra “O jardim das delícias” (1503), faz uma representação antitética do céu e do inferno, assim como ao gozo a que diversos homens e mulheres se entregam. (de acordo com Lacan, não?)

Outra obra marcante, também representação do corpo despedaçado, foi a do surrealista alemão Hans Bellmer (1902-1975), ele produziu uma série de esculturas de bonecas de tamanho quase semelhante ao de uma criança. Tendo sido fortemente influenciado por Freud, o artista (nacionalidade) produz Die puppe (1934), uma boneca que ao ser fotografada nas diversas etapas de sua construção, deixando entrever seus membros fragmentados.

Já Freud fazia referência às obras de Michelangelo e Leonardo da Vinci, mantendo “seus gostos em relação à arte relativamente conservadores” (GARCEZ & RUDGE, 2022). Com a 1° Guerra Mundial, sugiram movimentos da vanguarda literária e artística que fizeram referencias explicitas à psicanálise. Ao se aproximarem das ideias de Freud, os artistas “buscavam no espontâneo uma expressão mais livre e revolucionária que irromperia do inconsciente” (ibdem).

O SURREALISMO E A PSICANÁLISE

“Nada,a não ser o maravilhoso, é belo.” (André Bretin, o que é o sSurrealismo, 1934) (acho que é 24…)

O surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, ele “foi por excelência a corrente artística moderna mais próxima da representação do irracional e do inconsciente”, já que interferiam de maneira fantasiosa na realidade. aspas terminam? ref…

“Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem a possibilidade de se expressar plenamente apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle” (GARCEZ & RUDGE, 2022). O nascimento do movimento é marcado historicamente pela publicação do “Manifesto do Surrealismo”, por André Breton em outubro de 1924.

De acordo com o movimento (?), O artista deveria encontrar na introspecção de si mesmo esse ponto no qual a realidade interna e externa são apercebidas sem contradições. A livre associação e a análise dos sonhos transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, os artistas utilizavam-se de técnicas de expressão nas quais se propunha que a mente não exerceria nenhum tipo de controle.

O intuito era despertar a percepção no público de que, ao ser atingido pelas imagens, estas teriam sido criadas pela sua própria mente. Diante disso, o simbolismo estaria representado através dos olhos do próprio espectador e nos significados por ele atribuídos e projetados e não mais pelo viés do artista. E a análise de forma crítica dessas projeções só teria sentido se fossem feitas pelas pessoas para quem elas significavam algo.

O pintor Salvador Dali está entre os nomes mais conhecidos do Surrealismo e é uma dos artistas mais marcantes do século XX. Admirador da psicanálise, era aficionado leitor de Freud e buscava explicações para suas próprias obras na associação livre e no método psicanalítico (GARCEZ & RUDGE, 2022).

ARTE E PSICANÁLISE NA ATUALIDADE

Atualmente, diante da ausência de critérios para avaliar a diversidade de obras e artistas inusitados que tem se apresentado, principalmente nas obras que retratam a fronteira da vida e da arte, tentar se discutir essas obras a partir da subjetividade do artista pode ser uma forte tendência e busca na tentativa de nomear e legitimar essas obras e artistas.     

REFERÊNCIAS

Livros

  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: Do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo:  Companhia das Letras, 1992.
  • DEMPEY, Amy. Estilos, escolas e movimento. São Paulo: Cosac Naif, 2003.
  • RIVERA, T. Arte e psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2 ed. 2005

Artigos

Sites


[1] https://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v6-0/html/index.php#1

Muito bom! verbete claro…

BIENAL

Por Carlos Eduardo Martins

O dicionário Michaelis define “Bienal”(do latim biennalis) enquanto adjetivo (simular, masculino ou feminino) como: “1. Que dura dois anos; 2. Relativo ao espaço de dois anos; 3. Que acontece ou se faz de dois em dois anos; 4. Que completa seu ciclo vegetativo num período de dois anos (diz-se de planta monocárpica)”. Enquanto substantivo (apenas feminino), o mesmo dicionário define nos seguintes termos: “Evento, em geral exposição internacional de arte, que se realiza a cada dois anos e é julgada por um comitê internacional: ‘– Aquele é o dr. Sérgio Milliet. Gosta de uísque assim. Aquele é o Ciccillo Matarazzo, o homem que protege os artistas e faz a Bienal. Ficou sem jeito para perguntar o que era Bienal. Com o tempo saberia. E tinha tempo para ter tempo’ (VASCONCELOS, José Mauro De. Rosinha, Minha Canoa: Romance em Compasso de Remo. 3 ed. São Paulo: Melhoramentos, 2011 rever forma de citar).1 Bienal, no contexto de eventos, é, portanto, qualquer evento que é realizado a cada dois anos.

No mundo das artes, as bienais são exposições de arte que reúnem obras e críticos de diversas partes do mundo. Na história da crítica das artes, as bienais desempenham um papel de grande importância. Guardada as devidas proporções, a origem das bienais nos remete aos Salões de exposição de artes da Academia Real de Pintores e Escultores, composta de grandes artistas franceses, que fora fundada em 1648. Os Salões, que tiveram início em 1737 como exposição ao público geral, tornaram a arte acessível ao grande público e passaram a estimular a produção artística.2 Contudo, sua periodicidade foi anual até 1751, quando passaram a ser bienais.3

Adentrando ao mundo da arte contemporânea, a Bienal mais antiga é a de Veneza, que é realizada desde 1895.4 Rever citação)

Imagem da primeira bienal de Veneza.

Em se tratando da Bienal de Veneza, Necca dispõe: “De forma muito vaga, podemos dizer que a Bienal é composta por: uma exposição principal no Padiglioni Centrale (Pavilhão Central); pavilhões organizados por dezenas de países; e exposições organizadas de forma independente marcadas pela Bienal como eventos colaterais oficiais.”5

Bienal de Veneza

Em que pese não se tratar propriamente de uma Bienal, vez que acontece a cada cinco anos, a “Documenta”, realizada em Kassel, Alemanha, também merece destaque por ser uma das exposições de arte moderna e contemporânea mais antigas.6

Imagem da documenta

No Brasil, figurando entre as grandes exposições, temos a Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo Art Biennial), que é realizada desde 1951, contando com artistas brasileiros e estrangeiros.7 Fundada por Ciccillo Matarazzo e realizada no Pavilhão Ciccillo Matarazzo – pavilhão este projetado por Oscar Niemeyer e Hélio Uchôa -, localizado no Parque do Ibirapuera, tendo 30.00 m² de espaço expositivo, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo é a segunda bienal mais antiga em vigor. Atualmente, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo é administrada pela Fundação Bienal de São Paulo, criada em 1962.8

Imagem da Bienal de São Paulo

Nas décadas de 80 e 90, tivemos uma grande profusão de bienais ao redor do mundo, trazendo para a crítica da arte a oportunidade da análise de obras de autores provenientes de diversas culturas, dando ao mundo da crítica das artes as cores da globalização.

Segundo Kerr:

“Mas o impulso para a globalização no final dos anos 1980 e A década de 1990 logo resultou em um bando de eventos concorrentes. A Bienal de Istambul foi inaugurada em 1987, e logo foi seguida pela Trienal Ásia-Pacífico (em 1993), a Bienal de Gwangju na Coreia do Sul (em 1995) e a Bienal de Arte de Xangai (em 1996). Ao longo de uma década, o calendário do mundo da arte contemporânea ficou lotado, e críticos como Schjeldahl falaram de um espírito de festivalismo.”9

Em que pese as bienais já existentes antes, como a de Veneza e a de São Paulo, aqui mencionadas, o centro das artes contemporâneas ainda estava em Nova Iorque e Berlim. O surgimento de bienais ao redor do mundo tornou o mundo da crítica das artes menos centralizado, trazendo ao mesmo novas oportunidades.

“Por sua vez, a profusão de bienais provocou uma onda de globalização do mundo da arte. Como diria Julian Stallabrass mais tarde, em seu livro Contemporary Art: A Very Short Introduction, de 2004: ‘Os interesses de todos os corpos, privados e públicos, que compõem todas as alianças em torno das quais as bienais são formadas tendem a produzir uma arte que fala às preocupações internacionais’. Mas a nova lista de exposições internacionais também representou uma oportunidade real para a crítica, que passou a ter uma série regular de temas naturais e acesso inédito à obra de uma série de artistas internacionais. Consequentemente, um globalismo emergente logo caracterizou muita crítica de arte.”10

Não apenas às obras em si, mas a crítica pode ocupar-se da crítica institucional, trazendo à reflexão questionamentos quanto aos critérios das obras selecionadas para as exposições nas bienais, a estrutura e o cenário artístico de forma geral.

Ainda hoje, vive-se o reflexo da profusão de bienais, havendo diversas exposições ao redor do mundo, trazendo não apenas a descentralização da arte em relação aos antigos grandes centros, mas mesmo uma descentralização da crítica em relação aos grandes críticos que se tinha, bem como aos antigos veículos de crítica.11

Seria interessante dizer que existem outras bienais, colocar um numero estimado das que existem (tem no wikipedia, acho) e falar de algumas outras…

NOTAS

[1] BIENAL. In: Dicionário Michaelis Online. Disponível em <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/bienal&gt;. Acesso em 08.06.2022.

[2] HOUSTON, Kerr. History of art criticismo. In: Introduction to Art Criticism, An: Histories, Strategies, Voices, Pearson; Maryland Institute College of Art, 2013, p. 26

[3] Ibid., p.29.

[4] Ibid., p.74.

[5] NECCA, Giovana. O que é a Bienal de Veneza? Plataforma Arte que Acontece, 2022. Disponível em <https://www.artequeacontece.com.br/o-que-e-a-bienal-de-veneza/&gt;. Acesso em 09.06.22.

[6] HOUSTON, Kerr. History of art criticismo. In: Introduction to Art Criticism, An: Histories, Strategies, Voices, Pearson; Maryland Institute College of Art, 2013, p. 76.

[7] Ibid., p.74-75.

[8] BIENNIAL FOUNDATION. Bienal De São Paulo. Disponível em <https://biennialfoundation.org/biennials/sao-paolo-biennial/&gt;. Acesso em 09.06.22.

[9] HOUSTON, Kerr. History of art criticismo. In: Introduction to Art Criticism, An: Histories, Strategies, Voices, Pearson; Maryland Institute College of Art, 2013, p. 76.

[10] Ibid.,p.75.

[10] Ibid.,p.75-80.

REFERÊNCIAS

BIENAL. In: Dicionário Michaelis Online. Disponível em <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/bienal&gt;. Acesso em 08.06.2022.

BIENNIAL FOUNDATION. Bienal De São Paulo. Disponível em <https://biennialfoundation.org/biennials/sao-paolo-biennial/&gt;. Acesso em 09.06.22.

NECCA, Giovana. O que é a Bienal de Veneza? Plataforma Arte que Acontece, 2022. Disponível em <https://www.artequeacontece.com.br/o-que-e-a-bienal-de-veneza/&gt;. Acesso em 09.06.22.

HOUSTON, Kerr. History of art criticismo. In: Introduction to Art Criticism, An: Histories, Strategies, Voices, Pearson; Maryland Institute College of Art, 2013, pp. 23-81.

òtimo verbete….

arte e contemplação

Denis Aparecido Mendes Pereira

A palavra CONTEMPLAÇÃO provém do latim “contemplatio”. A partícula “con” denota intensidade e “templum”, que significa um pedaço de terra destinado aos auspícios ou um edifício de adoração. A raiz desta palavra pode derivar de duas bases: proto-indo-europeia “tem” (cortar) – um lugar “recortado para” ou “temp” (estender) um espaço livre à frente do altar. “Contemplatio” foi a palavra escolhida pela língua latina para traduzir a palavra grega θεωρία (theoria). (Silva, 2022)

A Filosofia Grega, já em seus primórdios, aborda a questão da Contemplação, de modo especial um de seus maiores representantes Aristóteles. Contudo, um dos primeiros filósofos da antiguidade que estabelece uma relação entre a Arte e a Contemplação foi Plotino (século III). Para Plotino, a arte que se encontra no mundo sensível tem seu arquétipo no Intelecto, de modo que o artista participa da forma da arte usando a sua faculdade intelectiva. Para Plotino, a alma é mais perfeita que o objeto fabricado pelo artista, pois ontologicamente a alma é maior hierarquicamente do que o objeto, isso se dá, porque a alma está mais próxima ao Uno, e quanto mais próximo ao Uno maior a perfeição. Com isso, o artista, pela via da contemplação, acessa o inteligível sem a mediação da natureza, com essa concepção se supera a ideia de Platão de arte enquanto “mimese” da natureza. (Fernandes, 2022)

“Assim, os homens, quando a contemplação se debilita neles, passam à ação, que é uma sombra da contemplação e da razão. Incapazes de dedicar-se à contemplação pela debilidade de sua alma, não podem alcançar o objeto da contemplação e ficar plenos dela, ainda quando desejem vê-Ia, e lançam-se à ação, para ver com os olhos o que não podem ver com a inteligência. Quando fabricam objetos é porque querem ver e contemplar (aquilo igual ao objeto da contemplação intelectual). E quando se propõem a trabalhar enquanto podem, é porque querem vê-lo e fazer os outros o sentirem” (Plotino, Enéada Ill. 8-1).

Na Filosofia Medieval, a Contemplação vai ser um objeto recorrente entre os filósofos, sobretudo em um dos maiores exponentes da Filosofia Medieval: São Tomás de Aquino. Para São Tomás os sentidos não exprimem a totalidade do belo, mas se deve investigar o fundamento da beleza no ser. É nesta linha de pensamento que se analisa a arte (ars) e o belo (pulchrum). A estética tomista não despreza a apreciação sensível, mas é pela apreciação feita pelos sentidos que se pode chegar à contemplação da beleza do ser. Porém, a contemplação da beleza do ser não é o fim, mas conforme se vai transcendo o olhar físico, se aproxima do olhar metafísico, que por sua vez vai projetar a contemplação da beleza para um olhar místico, em que a máxima beleza se dá na caridade e no próprio ato contemplativo da razão, sendo que maior beleza é a obra que pela contemplação mais aproxime o ser humano de Deus.  (Faitanin, 2022)

“A contemplação não é outra coisa que o olhar amoroso fixado na beleza de Deus” ( SANTO TOMÁS DE AQUINO, STh. II-II, q180, a3, c.).

A partir da modernidade, a Filosofia da Arte vai ganhando novos olhares e adquirindo novos conceitos, sobretudo na estética de Kant. Porém, alguns filósofos ainda vão pensar a arte fazendo menção a contemplação, dentre estes filósofos se destaca Arthur Schopenhauer (1788–1860). Em sua obra “O Mundo como Vontade e como Representação” (1819), que aborda sua visão ética e estética, um termo que ganhará relevância na sua concepção estética é a Contemplação. Para o filósofo alemão, a arte, na metafísica do belo, é um dos pontos mais alto do seu pensamento, pois para o mesmo a arte proporciona uma experiência de alívio para o estado do sofrimento, de modo que a contemplação estética é vista como uma forma privilegiada de conhecimento, do conhecimento das Ideias (formas atemporais, imutáveis e permanente, sendo anterior ao princípio da razão; este conceito de Schopenhauer se aproxima do conceito trabalhado na filosofia de Platão). Para Schopenhauer, a contemplação estética é um movimento completamente desinteressado e objetivo, e não se submete ao querer ou à vontade. É na contemplação desinteressada das ideias que o sujeito se eleva ao estado puro do conhecimento, causando o desinteresse do mundo como vontade e representação, pois alcançou a liberdade metafísica e ontológica. Na sua concepção ontológica ou metafísica da arte, Schopenhauer não estabelece uma distinção significativa entre o conhecimento artístico e da criação da obra de arte do ponto de vista do Gênio (aquele que tem a capacidade de apreender nos objetos a sua Ideia correspondente, em uma contemplação puramente objetiva, na qual todas as relações das coisas com a própria Vontade somem da consciência). Para o filósofo alemão, a obra de arte está subordinada à contemplação artística. (Nunes, 2022)

“Uma vez que o corpo não participa dessa forma de conhecimento, na qual se exige o abandono dos interesses subjetivos, é só desse modo que o espírito toma uma direção objetiva contraposta à direção subjetiva. Isto define a contemplação. O olhar do homem no qual vive e atua o gênio o distingue facilmente, visto que, ao mesmo tempo vivaz e firme porta o caráter da intuição, da contemplação… ao contrário o olhar do homem comum… faz visível o verdadeiro oposto da contemplação, o espionar”
(Schopenhauer, O Mundo como Vontade e como Representação, p. 257)

De acordo com Paes (2022) convém ressaltar que na Idade Média a arte era uma forma de materialização do sagrado, do religioso e da divindade, de modo que o artista ficava como que anônimo. Já no Renascimento o foco será na genialidade do artista como criador e a obra de arte assume uma espécie de áurea, que faz com que o espectador da obra experimente como que um estase, causado por um sentimento que a obra transmite em quem a olhe com atenção, que transcende a própria materialidade da produção artística, bem como de sua mensagem, quase se assemelha a uma experiência com o divino, que neste período vai ser substituído pela representação artística. Em ambos períodos da História da Arte, mesmo que o fim da contemplação se distinga, no primeiro a Deus e no segundo a representação artística, o caráter transcendente ainda é um fator relevante para compreensão estética. Contudo, com o advento do Capitalismo, a lógica do mercado vai como que assumir um protagonismo estético, e segundo Paes (2022), a autonomia da arte ficará refém da dinâmica do mercado. Ao falar sobre a influência estética causada com o avanço do capitalismo e sua predominância no cenário contemporâneo, Lipovetsky e Serroy (2022) cunham o termo “transestética”, que mostra o impacto do Capitalismo na produção artística:

“No tempo da estetização dos mercados de consumo, o capitalismo artista multiplica os estilos, as tendências, os espetáculos, os locais da arte; lança continuamente novas modas em todos os setores e cria em grande escala o sonho, o imaginário, as emoções; artealiza o domínio da vida cotidiana no exato momento em que a arte contemporânea, por sua vez, está empenhada num vasto processo de “desdefinição”. É um universo de superabundância ou de inflação estética que se molda diante dos nossos olhos: um mundo transestético, uma espécie de hiperarte, em que a arte se infiltra nas indústrias, em todos os interstícios do comércio e da vida comum. O domínio do estilo e da emoção se converte ao regime híper: isso não quer dizer beleza perfeita e consumada, mas generalização das estratégias estéticas com finalidade mercantil em todos os setores das indústrias de consumo. Uma hiperarte também na medida em que não simboliza mais um cosmos, não expressa mais narrativas transcendentes, não é mais a linguagem de uma classe social, mas funciona como estratégia de marketing, valorização distrativa, jogos de sedução sempre renovados para captar os desejos do neoconsumidor hedonista e aumentar o faturamento das marcas. Eis-nos no estágio estratégico e mercantil da estetização do mundo. Depois da arte-para-os-deuses, da arte-para-ospríncipes e da arte-pela-arte, triunfa agora a arte-para-o-mercado

(Lipovetsky e Serroy, A Estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. p. 17)

Mesmo que na Modernidade e na Contemporaneidade a Contemplação não tenha ganhado relevância no debate e na produção artística, alguns artistas persistem em imprimir em suas obras o caráter transcendente, dentre estes artistas cabe destacar o cineasta russo Andrei Tarkovsky (1932-1986). Mesmo que tenha dirigido uma pequena quantidade de filmes, sobretudo em comparação com outros diretores do século XX, Tarkovsky com seus sete longas-metragens deixou uma contribuição importantíssima para o Cinema Mundial. Seu estilo diverge substancialmente dos seus contemporâneos soviéticos, que ainda eram regidos pela estética imposta pelo Realismo Soviético de Stalin. Em suas películas Tarkovsky dá vasão para seu impulso criativo, sendo sua temática geralmente orientada para uma visão de futuro apocalíptica, marcada pelo caráter destruidor, como se nota no cenário distópico do filme “Stalker” (1979) e na ameaça bélica que permeia a história do filme “O Sacrifício” (1986). Outro elemento relevante na produção cinematográfica deste cineasta soviético é a presença constante de pinturas, seja em quadros ou em livros manuseados pelos personagens. Um dos pontos altos de seu estilo cinematográfico é a sua plasticidade permeada de superfícies, que requer do observador o sentido tátil, sendo que por muitas vezes as imagens são reduzidas a puras texturas, o que faz lembrar do abstracionismo, de modo a explorar a materialidade das coisas acompanhada de uma inevitável postura de contemplação dos objetos, o que dá nas suas obras um destaque ao gênero da natureza morta. Com isso, é inegável a presença da dimensão contemplativa nos filmes de Tarkovsky, pois o mesmo não esconde sua inclinação para o sagrado, para o impalpável e invisível. (Souza, 2022)

 “A função específica da arte não é, como comumente se imagina, expor idéias, difundir concepções ou servir de exemplo. O objetivo da arte é preparar uma pessoa para a morte, arar e cultivar sua alma, tornando-a capaz de voltar-se para o bem. Ao se emocionar com uma obra-prima, uma pessoa começa a ouvir em si própria aquele mesmo chamado da verdade que levou o artista a criá-la. Quando se estabelece uma ligação entre a obra e o seu espectador, este vivência uma comoção espiritual sublime e purificadora. Dentro dessa aura que liga as obras-primas e o público, os melhores aspectos das nossas almas dão-se a conhecer, e ansiámos por sua liberação. Nesses momentos, reconhecemos e descobrimos a nós mesmos, chegando às profundidades insondáveis do nosso próprio potencial e às últimas instâncias de nossas emoções”
(Andrei Tarkovsky, Esculpir o tempo. p. 49)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

http://elcv.art.br/santoandre/biblioteca/_em_portugues/tarkovski_andrei_esculpir_o_tempo.pdf

http://lounge.obviousmag.org/zoom_nas_visceras/2014/12/a-luz-instantanea-de-andrey-tarkovsky-1.html

https://www.dougwestendorp.com/thoughts-on-contemplative-art/the-characteristics-of-contemplative-art

https://www.royalacademy.org.uk/article/magazine-art-of-contemplation-mindfulness#:~:text=Reflecting%20on%20a%20work%20of,pinned%20down%2C%20or%20somehow%20defined

https://www.pensador.com/frase/NzE/

https://lume.ufrgs.br/handle/10183/219487

https://www.academia.edu/36638420/A_PAISAGEM_COMO_SUPORTE_DE_REPRESENTA%C3%87%C3%83O_CINEMATOGR%C3%81FICA_NA_OBRA_DE_ANDREI_TARKOVSKY

Tropicália

Maite Di Risio Martinez Gobbi

De acordo com o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o vocábulo “tropicalismo”, surgiu em 1968, em sua acepção número 2, voltada à música, correspondendo a “movimento de um grupo de compositores baianos liderados por Caetano Veloso (1942-) e Gilberto Gil (1942-), que resultou numa síntese assistemática de alguns elementos da brasilidade, em sintonia com as manifestações estéticas e culturais da mesma época (1967-1968)”. Ainda nesse dicionário, na acepção número 3, por extensão, em Artes Plásticas, Cinema e Teatro,  verifica-se: “esse mesmo movimento estendido às artes plásticas (p.ex., Hélio Oiticica), ao teatro (José Celso Martinez Correia)  e ao cinema (Glauber Rocha)”. Etimologicamente, o vocábulo surge da união de tropical + –ismo. Tropical apresenta-se com seis acepções: 1 relativo ou pertencente ao(s) trópico(s); 2 situado entre os trópicos (diz-se de região); 3 que pertence à zona tórrida, a zona terrestre localizada entre os trópicos, de clima, quente, úmido e chuvoso (diz-se de região); 4 muito quente (diz-se de temperatura), abrasador; 5 tecido leve de lã, linho ou seda, geralmente usado no vestuário masculino; 6 roupa feita com esse tecido. Já trop(o) é elemento de composição, antepositivo, do grego trópos,ou’ direção (de um duto, canal etc); maneira, modo, feição; modo, melodia, tom, canto; maneira de exprimir, estilo, figura de palavras, tropo; maneira de pensar e agir, costumes, hábitos, conduta, caráter, sentimentos.

Considerando essa etimologia, pode-se constatar que o tropicalismo correspondeu a um movimento artístico de expressão, voltado às artes, em geral, em oposição às influências da esquerda nas produções culturais, uma vez que para os tropicalistas nosso país tinha que ser soberano, valorizando suas raízes, numa espécie de utopia, de ideologia. O tropicalismo compartilhava alguns elementos da visão sobre a cultura e a política predominante nos anos 60, porém com um significado diferente. “O tropicalismo construiu uma versão alternativa  das relações entre cultura e política, disputando com a esquerda no seu próprio terreno; o que explica a reação explosiva da esquerda frente à produção tropicalista, e a não menos explosiva resposta a essa reação.” [1].

“O conflito entre a esquerda e os tropicalistas era qualitativamente diferente do conflito da mesma esquerda com artistas ‘alienados’, como os músicos ‘da Jovem Guarda’. Enquanto as canções da Jovem Guarda falavam de experiências alheias ao universo da esquerda – conflitos sentimentais, passeios automobilísticos etc, utilizando formas artísticas execradas por ela – o rock, as canções tropicalistas falavam da ‘realidade brasileira’, tão reclamada pela esquerda, mas ofereciam uma visão diferente dessa realidade, utilizando, como a Jovem Guarda, formas artísticas consideradas descaracterizadoras da cultura brasileira. Para a esquerda, os tropicalistas seriam uma espécie de ‘agentes do inimigo’ infiltrados para destruir por dentro o ‘movimento revolucionário’.” [2].

Em 1967, Hélio Oiticica apresentou uma mostra que recebeu o título de Tropicália, montada em 1967, em uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Tempos depois, Caetano Veloso compôs uma música que recebeu o mesmo nome — outro marco para o movimento. “Tropicália foi o nome com que o artista Hélio Oiticica batizou uma instalação no MAM-RJ em 1967: uma espécie de labirinto que fazia alusão às favelas e aos trópicos, contendo elementos como araras, parangolés e aparelho de televisão.” [3] Marcaram a exposição o contato não contemplativo, o espectador transformado em participador e as proposições em vez de peças. O imaginário plástico de Hélio Oiticica era extremamente sonoro. Para os tropicalistas o imaginário sonoro era extremamente plástico, devido à estreita ligação que eles mantiveram com artistas plásticos de vanguarda.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/iTQfZ4widpeh5CVFA. Acesso em mai. 2022.

“Certos artistas criadores, quando se expressam, podem comunicar uma verdade muito mais total do que todas as teorias que são construídas.” (Hélio Oiticica)

No 3º Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, ocorrido em outubro de 1967, duas músicas acabaram destoando dos padrões da época: Alegria, Alegria, acompanhada pelo grupo de rock argentino Beat Boys,  e Domingo no Parque, . A primeira, de  Caetano Veloso, era uma marchinha que não trazia caráter trágico nem agressivo, devido à narração do cotidiano de jovens de classe média. “Assim, Alegria, Alegria apresenta uma das marcas que iriam definir a atividade dos tropicalistas: uma relação entre fruição estética e crítica social, em que esta se desloca do tema para os processos construtivos. Na linha da modernidade, esta tendência cool das canções tropicalistas trata o social sem o pathos então vigente. Nesta primeira música tropicalista, surpreendem-se – no procedimento da enumeração caótica e de colagem, tanto na letra quanto no arranjo – indicações certeiras do processo de desconstrução a que o tropicalismo vai submeter a tradição musical, a ideologia do desenvolvimento e o nacionalismo populista.” [4].

Domingo no parque, de Gilberto Gil, acompanhado pelos Mutantes, apresenta complexidade construtiva, com ênfase no arranjo que ele e Rogério Duprat realizaram, com uma concepção cinematográfica.

No que diz respeito ao cinema e ao teatro, destacaram-se Terra em Transe (1967), filme de Glauber Rocha, e a peça O rei da vela, dirigida por Zé Celso, e que foi dedicada ao filme do Glauber Rocha, Terra em Transe,  trazendo à tona a crítica do Oswald de Andrade. “O Rei da Vela é uma peça de teatro escrita em 1933 por Oswald de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo brasileiro, e publicada em 1937. Contudo, só foi encenada pela primeira vez trinta anos após sua publicação e refletiu, por meio da visão do autor, a sociedade brasileira de sua época. Escrita no embalo da crise financeira de 1929, a obra aborda a valorização da indústria na década de 30 e a ‘modernização’ do país que se estabeleceu com o Governo Vargas, tratando da junção – ou submissão – da aristocracia decadente com a burguesia em ascensão para servir ao capital estrangeiro. A peça se divide em três atos e segue a estrutura do teatro tradicional.” [5]

O objetivo dos tropicalistas era desarticular as ideologias, promovendo uma revolução estética e comportamental na cultura brasileira. Como participaram de um dos períodos mais criativos da sociedade, os tropicalistas assumiram as contradições da modernidade. Assim, o cafona e o humor são práticas construtivas do tropicalismo, que fez uso de elementos da linguagem pop, ingerindo tendências comportamentais e artísticas da época, para expressar algo novo. Em entrevista, Caetano Veloso afirmou: “Eu e Gil estávamos fervilhando de novas ideias. Havíamos passado um bom tempo tentando aprender a gramática da nova linguagem que usaríamos, e queríamos testar nossas ideias, junto ao público. Trabalhávamos noite adentro, juntamente com Torquato Neto, Gal, Rogério Duprat e outros. Ao mesmo tempo, mantínhamos contatos com artistas de outros campos, como Glauber Rocha, José Celso Martinez, Hélio Oiticica e Rubens Gerchman. Dessa mistura toda nasceu o tropicalismo, essa tentativa de superar nosso subdesenvolvimento partindo exatamente do elemento ‘cafona’ da nossa cultura, fundindo ao que houvesse de mais avançado industrialmente, como as guitarras e as roupas de plástico. Não posso negar o que já  li, nem posso esquecer onde vivo.” [6]

“Em junho de 1968, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Capinam, Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Os Mutantes e Rogério Duprat lançam o álbum Tropicália ou Panis et Circencis — uma espécie de manifesto musical do movimento. Nessa obra, as principais referências dão-se como uma mescla entre a música popular brasileira, o rock’n roll, o Concretismo e a cultura pop.” [7] O álbum coletivo foi lançado no dia 7 de agosto de 1968, na boate Dancing Avenida, no Rio.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/DH6caBJP7bgo1hHF6. Acesso em mai. 2022.

https://youtu.be/gfs9DC4GNr0 (Panis et circenses)

O tropicalismo realizou, no Brasil, a autonomia da canção, estabelecendo-a como um objeto verdadeiramente artístico. Efetuou a síntese de música e poesia. A canção tropicalista também se singulariza por integrar em sua forma e apresentação recursos não musicais que ampliavam as possibilidades do arranjo, vocalização e apresentação. Caetano, por exemplo, no lançamento do disco Tropicália, travestiu-se, usando boá cor-de-rosa. Esses efeitos enfatizavam o efeito humor e cafona, essenciais para esse impacto que os tropicalistas queriam provocar por meio da paródia e do deboche. Corpo, voz, roupa, letra, dança e música tornaram-se códigos. No encontro de melodia e texto, o tropicalismo inovou a música brasileira, por meio de letras de canções inovadoras, utilizando-se de  jogos de linguagem, e aproximando-se da poesia dos concretistas. 

“Duarte refere-se também à proximidade dos tropicalistas com a poesia concreta, em particular à relação entre Augusto de Campos e Caetano Veloso. Se de fato houve uma ‘tropicaliança com os concretos’ em ‘prol de uma arte brasileira de invenção’, nas expressões de Augusto de Campos, essa confluência não foi, no entanto, destituída de conflitos. Na autobiografia Verdade tropical, de 1997, por exemplo, Caetano Veloso relembra que era cobrado por Glauber Rocha e Augusto de Campos por sua ‘excessiva tolerância ou generosidade com a produção nacional’, incluindo-se nela a ‘grandiloquência do bel canto’; de tal modo que ‘sob este aspecto’, conclui Duarte, ‘os tropicalistas’ foram ‘mais generosos com a tradição do que os concretistas’. Não se pode, além disso, como mostrou Favaretto, afirmar que ‘os tropicalistas teriam posto em prática o projeto dos concretos’, mas ‘sim, que estes reconheceram no trabalho dos tropicalistas coincidências com o trabalho que realizavam já há uma década – o da revisão crítica da literatura e crítica literária brasileira’.Apesar da afirmação de Augusto de Campos de que os ‘tropicalistas empregaram processos de composição próximos aos dos poetas concretos’, é possível constatar, por meio da ‘análise das letras e das canções tropicalistas’, um emprego discreto dos procedimentos típicos da poesia concreta’, tais como ‘sintaxe não discursiva, verbi-voco-visualidade, concisão vocabular’, por parte dos músicos.”[8]

O Tropicalismo buscava múltiplos diálogos com o pensamento social brasileiro, com a cultura de massa,  principalmente. Esse movimento reforçava a emergência de uma cultura pop, nascendo de uma crise de representação do projeto nacional popular. O tropicalismo almejava, assim,  uma restauração da música popular brasileira.  Foi um momento em que as artes, a música, as artes plásticas, as artes do cinema e do teatro tiveram uma convergência, possibilitando que as pessoas repensassem o Brasil em relação aos outros países. O tropicalismo teve uma comunhão com as outras artes.  Foi uma retomada crítica do nacionalismo não político,  mas literário, remetendo à Semana de 22.

Com o exílio de Gilberto Gil e Caetano Veloso, a Tropicália chega ao fim, transformando, de maneira ímpar, a música popular brasileira, uma vez que os tropicalistas, grandes expoentes da arte brasileira de vanguarda, deixaram seu legado e marcaram nossa história.

NOTAS
[1] Coelho p. 162

[2] Ibid. p. 163.

[3]  https://bit.ly/39cD1iM  

[4] Favaretto p. 21.

[5] https://bit.ly/3xb8zOg

[6] Favaretto p. 27 e p. 28.

[7] https://bit.ly/3ziGWFA

[8] Fabrinni p. 10

OBRAS CITADAS

FAVARETTO, Celso. Tropicália: alegoria, alegria. 3ª edição. São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. P. 21

Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

COELHO, Cláudio N. P. A tropicália: cultura e política nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(2): 159-176, 2. Sem. 1989.

FABRINNI, Ricardo. A atualidade da tropicália. Revista Viso. Nº 23, jul-dez/2018. P. 10

Penetráveis – Hélio Oiticica

Por Dislene

O termo penetrável” vem do latim – penetrabilis – e tem como significados: que se consegue penetrar; em que é permitido penetrar: substância penetrável ou que é compreensível: teoria penetrável.

Já no contexto da arte contemporânea, Penetrável foi a expressão usada por Helio Oiticica para nomear suas obras criadas a partir da década de 1960, composta por placas de madeiras pintadas, tecidos e outros materiais que seduzem o espectador para ir além da simples contemplação da obra. Os penetráveis se assemelham a labirintos feitos em escala humana que proporcionam ao espectador uma experiência sensorial na qual não só observa, como tem seu corpo convidado a entrar e percorrer a obra. (REF)

Penetrável PN1, 1961 Hélio Oiticica – Foto César Oiticica Filho

Segundo Tognoli (2017), sem a incursão (de que?), os Penetráveis não fazem sentido; reduzem-se ao estatuto de objeto morto, sem vida. Sua vida depende da entrada do espectador, que compõe a obra: portanto, obra em movimento, lugar de percurso, topológico e não tópico.

A exposição dos penetráveis podem assumir diferentes configurações, pois podem ser apresentados de forma individual ou em ajuntamentos. Conforme podemos ver nas imagens que retratam a instalação Éden, realizada na Whitechapel Gallery, em Londres, em 1969, e na instalação Tropicália, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1967.

Éden, 1969 Hélio Oiticica – Reprodução fotográfica Ana Oswaldo Cruz Lehner
Tropicália, 1967 Hélio Oiticica – Reprodução fotográfica César Oiticica Filho

Segundo a arte educadora Laura Aidar, a série de penetráveis produzida por Hélio Oiticica foi antecedida pela obra o Grande Núcleo  em que havia uma intensa pesquisa sobre cor, forma e suportes da arte. Nela o artista criou espaços com placas amarelas por onde o público podia caminhar, interagindo com a composição e criando individualmente suas próprias “cabines”. Dessa forma, entende-se que a interação e a movimentação das pessoas em torno da obra eram essenciais para que dar sentido ao trabalho.  Os penetráveis, portanto, podem ser vistos como uma radicalização dos Núcleos, uma vez que vão se tornando mais complexos e ampliando a possibilidade de interação já anunciada.

Rever link e se for o caso, colocar a citação….

Grande Núcleo, 1960 Hélio Oiticica – Reprodução fotográfica César Oiticica Filho.

Aliás quando nos debruçamos sobre a obra de Hélio Oiticica percebemos esse movimento e a busca de uma interação cada vez maior entre obra e público, o que é confirmado no comentário no site do museu Inhotin (seu?) sobre a obra desse artista: Um dos principais legados de Oiticica foi a sua participação no movimento Neoconcreto (1959), que redefiniu a relação entre a arte e o espectador. Em 26 anos de produção, o artista construiu trabalhos que incorporam a participação do público e invadem o espaço (primeiro os espaços expositivos e depois os públicos). O interesse pela cor foi um fio condutor desse percurso.

Penetrável Magic Square #5 1960 Hélio Oiticica – Foto Brendon Campos. Inhotin.

Sobre Hélio Oiticica

Nasceu em 26 de julho de 1937, no Rio de Janeiro sendo filho primogênito de  José Oiticica Filho  – engenheiro, professor de matemática e um dos mais importantes fotógrafos brasileiros –  e de Ângela Santos Oiticica. Seus irmãos César e Claudio nascem em 1939 e 1941, respectivamente.

No período de 1947 a 1950 vai com a família para os EUA, após seu pai ganhar uma bolsa da fundação Guggenheim. É neste momento que tem sua primeira experiência com a educação escolar, já que nos anos anteriores a família optou pela educação domiciliar. Recebe grande influência de seu avô, José Oiticica, anarquista e editor do jornal Ação Direta.

Aos 15 anos traduzia e escrevia textos de teatro que encenava juntamente com seus irmãos e primos. Mas é em 1954 que inicia na arte através do estudo de pintura com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.  Em seus 43 anos de vida produz vasta obra que vai das artes plásticas com seus parangolés, núcleos, penetráveis, etc. chegando ao cinema  com filmes como O Câncer, de Glauber Rocha no qual atua. Tendo inclusive um filme sobre sua vida e obra:  HO, de Ivan Cardoso.

É em 1955 que provavelmente ocorre seu encontro com a artista Lygia Clark e com os críticos de arte Ferreira Gullar e Mário Pedrosa, quando entra para o Grupo Frente. Sendo mais tarde convidado também por eles para participar do Grupo Neoconcreto. Em 1960 inicia trabalho nas séries Invenções e Núcleos e elabora o Penetrável N1. Sobre sua obra  Mario Pedrosa em Os projetos de Hélio Oiticica (1961), escreve que o artista carioca rompeu com a ideia de quadro à procura do espaço real. Tentou suprimir até os últimos vestígios do cavalete ou de qualquer outro suporte para a obra de arte. Oiticica vai pensar e construir seus penetráveis, ambientes por onde se anda, sente e vive cores e materiais diversos, abrigos, um espaço coletivo, orgânico, nada individualista e egocêntrico que rejeita a assepsia plástico-formal das academias-galerias-museu.

Em 1965 expõe com artistas como Kandisnky, Klee, Mondrian, Yves Klein entre outros e, por ocasião da exposição Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, provoca grande polêmica quando é proibido de desfilar, seus Parangolés nas dependências do museu com os passistas da Mangueira. Revoltado, Hélio Oiticica retira-se e faz o desfile no jardim, sendo então aplaudido por artistas, jornalistas, críticos e público presente. Esse fato é considerado um marco na história da arte brasileira. Outra situação que causou grande polêmica foi o Show de Caetano Veloso em que foi exibida uma bandeira de autoria de Hélio Oiticica que estampava a frase “Seja Marginal, seja herói”. Na ocasião a bandeira foi apreendida e o show sofreu interdição pela Polícia federal.

Nos anos 70 o artista instala-se em Nova York após receber uma bolsa da Fundação Guggenheim. É um período em que desenvolve diversos projetos como filmes em Super 8, a retomada dos Parangolés para serem expostos no metrô e o projeto de dezenas de Penetráveis. Retorna ao Rio de Janeiro apenas em 1978. Em 1980 ainda produz seus últimos Penetráveis, falecendo logo em seguida, no dia 22 de março.

Hélio Oiticica

Referências

AIDAR, Laura. Hélio Oiticica: 11 obras para compreender sua trajetória Disponível em      https://www.culturagenial.com/helio-oiticica-obras-compreender-trajetoria/ Acesso em 06 Jun 2022.

MBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Helio Oiticica. História das Artes, 2022. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/helio-oiticica/&gt;. Acesso em 06 Jun 2022.

TOGNOLLI, Dora. Penetráveis: arte na clínica. Ide (São Paulo),  São Paulo,  v.40, n. 64, p. 227-240, dez.  2017. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062017000200018&lng=pt&nrm=iso&gt;. acessos em  06  jun.  2022

Hélio Oiticica: Penetrável Filtro (1972) / Art Basel Unlimited 2019  http://vernissage.tv  Acesso em 06.06.2022

https://mam.rio/obras-de-arte/penetraveis-1961-1980/ Acesso em 04.06.2022

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra66379/eden Acesso em 04.06.2022

https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/helio-oiticica/ Acesso em 04.06.2022

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra66335/tropicalia Acesso em 04.06.2022

http://www.touchofclass.com.br/index.php/2019/06/27/video-helio-oiticica-penetravel-filtro-1972-art-basel-unlimited-2019/

https://projetoho.com.br/pt/home/ Acesso em 04.06.2022

Dislene, será preciso rever o texto e colocar as citações corretas nas partes que se referem aos autores. O artigo ficará público.

O Concretismo no Brasil

Por Carla Vilão

ETIMOLOGIA: Conforme pesquisa no Dicionário Michaelis, o Concretismo: significa der de concreto+ismo, como ingl concretism. A palavra con·cre·tis·mo; sm: significa 1. Representação concreta de coisas abstratas; 2. ARTES PLÁSTICAS . Movimento estético universal que preconiza que a arte deve concretizar visualmente os conceitos intelectuais, utilizando formas geométricas em movimento e cores pouco convencionais, deixando – se de lado a representação do real e do emocional que norteia a arte moderna; 3. LITERATURA. Movimento de vanguarda em poesia, iniciado na década de 1950, que rompe com o ritmo e a forma da poesia moderna e apresenta o texto numa nova concepção gráfica, com disposição geométrica. [1].

Concretismo no dicionário online Português: Bs-art. Tendência que, nas artes plásticas, busca realizar obras que não se originam de modelo natural, e que em geral se vale de elementos visuais ou táteis. (Fonte: Disponível em: https://www.dicio.com.br/concretismo/. Acesso em 16 de Jun. de 2022.)

Entende-se que esse movimento surge dentro do Modernismo. Segundo pesquisa na Enciclopédia Cultural, o Concretismo é um movimento artístico, literário e cultural que surgiu na Europa em meados do século XX, que visava a criação de uma linguagem nova e uma arte abstrata. No Brasil, esse movimento vanguardista chegou por volta de 1950, através do Suíço, Max Bill (1908-1994), um dos precursores do movimento, ao lado do russo Vladimir Maiakovski (1893-1930). Bill popularizou as concepções dessa nova tendência na Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956. O Concretismo permitiu a incorporação de elementos de outras mídias (visuais, auditivas, táteis) ao texto, criando uma nova tendência, que renovou, com muita força, o pensamento artístico nacional. [2].

Max Bill

( Fonte: Disponível em: https://www.guiadasartes.com.br/max-bill/obras-e-biografia. Acesso em 07 de Jun. de 2022)

Vladimir Maiakovski ( 1893-1930)

(Fonte: Disponível em: https://comunidadeculturaearte.com/o-futurista-vladimir-maiakovski/)

Grupo Noigandres

No Concretismo, o texto poético deixou de ser uma mera interpretação da realidade e passou a constituir sua própria realidade. Tal estética é marcada pelo experimentalismo, principalmente no que se refere ao trabalho com o espaço. No início dos anos de 1950, quando os poetas concretistas começam a se agrupar em torno da revista Noigandres, que é o nome de um grupo criado em 1952, em São Paulo, formado pelos dois irmãos poetas Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. [3]

É também o título da revista que foi criada por esse grupo, cujos integrantes são responsáveis pelo surgimento da poesia concreta brasileira. O grupo concretista de São Paulo foi fundador da Revista divulgadora das ideias atreladas ao concretismo. Para eles, a poesia deveria refletir a sociedade moderna, de forma a unir o experimentalismo formal à crítica da realidade.

Nesse momento os países da Europa começavam a se recuperar dos horrores da Segunda Guerra Mundial. E iniciava-se um período de reestruturação geográfica, política e econômica que dividiu o mundo em blocos capitalistas, sob a liderança dos Estados Unidos, e comunistas, guiados pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Essa divisão, da qual o muro de Berlim foi o maior símbolo, conduziu os rumos das políticas e economias mundiais até o final dos anos de 1980. O medo de novos ataques nucleares alimentou a chamada “guerra fria”, que opôs países capitalistas e comunistas ao longo das décadas seguintes. (Fonte: Disponível em: https://www.todamateria.com.br/concretismo/. Acesso em 07 de junho de 2022).

Reprodução da primeira Edição da Revista Noigandres

(Fonte: Disponível em: http://artelit2015.blogspot.com/2015/06/concretismo-que-diabos-significa-isso.html. Acesso em 07 de Jun de 2022).

O Concretismo brasileiro: Segundo o site literatura e concretismo, o lançamento oficial do Concretismo brasileiro ocorreu na Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, no Museu de Arte Moderna em São Paulo. Nesse evento, artistas nacionais de vanguarda, das artes visuais e da poesia concreta apresentaram suas obras. Nessa exposição, foram mostrados cartazes, poemas, pinturas, desenhos e esculturas dos artistas: Décio Vieira (1922-1988); Rubem Ludolf (1932-2010); César Oiticica; Hélio Oiticica (1937-1980); Lygia Pape (1927-2004); Lygia Clark (1920-1988); Amilcar de Castro (1920-2002); Franz Weissmann (1911-2005); Alexandre Wollner (1928-2018); Alfredo Volpi (1896-1988); Aluísio Carvão (1920-2001); Kazmer Féjer (1923-1989); Ferreira Gullar (1930-2016); Geraldo de Barros (1923-1998); Hermelindo Fiaminghi (1920-2004); Ivan Serpa (1923-1973); Judith Lauand; Lothar Charoux (1912-1987). Além dos poetas citados, são cofundadores do Concretismo o boliviano Eugen Gomringer (na Suíça) e o brasileiro Öyvind Fahlström (na Suécia). [4]

Bichos (1965) de Lygia Clark

Dentro dessa ambiência urbana e industrial que o concretismo desenvolveu-se no Brasil. Nas décadas de 1950 e 1960, houve um “boom” industrial no Brasil, e a cidade de São Paulo foi a grande receptora dessa explosão da indústria, principalmente dos setores automobilístico e de eletrodomésticos. A modernização industrial paulistana trouxe ao Brasil com mais veemência as tendências da arte moderna e contemporânea. Assim como a manifestação artístico – cultural que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo em fevereiro do ano de 1922. Neste ano já iniciou-se a primeira manifestação pública brasileira, já propondo ideias modernistas e inovadoras da arte e da estética para o Brasil antes do movimento concretista.

Em referência ao movimento concretista, a criação do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), em 1948, contribuiu muito para a recepção desse tipo de arte entre o público não especializado.

Conforme pesquisa a enciclopédia cultural menciona que, a expressão “poesia concreta” foi usada pela primeira vez um Festival de Música de Vanguarda do Teatro Arena que, em 1955, pelo grupo formado por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. No ano seguinte, seria definido, com uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o movimento Concretista, que se opunha às propostas poéticas da Geração de 1945. No Brasil, vivia-se uma época de democratização política e de desenvolvimento econômico, que se tornou intenso durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), cuja propaganda oficial prometia uma avanço histórico de “cinquenta anos em cinco”. Os Planos de Metas de Juscelino para a modernização do país resultaram em impressionante crescimento industrial, que aumentou os empregos e a renda dos brasileiros. O desenvolvimento, as grandes realizações, como a construção de Brasília, e a estabilidade política contribuíram para criar a atmosfera de otimismo dos chamados “anos dourados”.[5]

Max Bill – (1908 – 1994)

Além dos principais representantes do concretismo brasileiro na poesia, Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Ferreira Gullar também representou esse movimento, rompendo – o posteriormente. No campo das artes plásticas, os principais representantes do concretismo no Brasil foram Lygia Clarck e Hélio Oiticica. Em termos poéticos, o concretismo levou a cabo o projeto “verbivocovisual”, isto é, uma integração radical entre a palavra (verbi), o som (voco) e a visualidade gráfica das letras (visual). (Fonte: Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/artes/concretismo.htm. Acesso em: 07 de jun. de 2022).

O uso do computador foi decisivo para esse projeto, pois oferecia possibilidades infinitas de composições gráficas dos poemas. A linguagem de propaganda, desde a sua estrutura sintética até o tipo de letras utilizado, também foi absorvida pelos poetas concretistas. Em termos de artes plásticas, a escultura predominou. A maioria dos projetos de Hélio Oiticica e Lygia Clarck experimentava a combinação de formas geométricas, esculpidas em metal ou madeira e dispostas em um cenário temático. Um dos exemplos mais bem acabados desde tipo de escultura são os móbiles de Lygia: estruturas em metal que podem ser manipuladas e modificadas pelo próprio espectador. [6]

Acima, um recorte de jornal com o manifesto da arte concreta, de (1930)

(Fonte: Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/artes/concretismo.htm. Acesso em: 07 de jun. de 2022).

Bilteral Equali, Não – Objeto, Hélio Oiticica – (1960)
Grupo Frente – Hélio Oiticica – Guache sobre Cartão (1955)

Segundo o tradutor e ensaísta Philadelpho Menezes, a poesia concreta, estava “intimamente associada ao movimento desenvolvimentista que levanta o país nos anos 50, simbolizado exemplarmente pelo plano de criação de Brasília, uma nova cidade idealizada como centro do poder, matematicamente situada no centro geográfico do país”. O autor afirma ainda que “Basta recordar que o principal texto da poesia concreta, publicado em 1958, tem o título Plano Piloto para Poesia Concreta, assinado por Augusto de Campos (1931), Haroldo de Campos (1929-2003) e Décio Pignatari (1927-2012). É uma citação direta e assumida do Plano Piloto para a Construção de Brasília, elaborado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que sonhava construir do nada, em meio ao inóspito cerrado do Planalto Central brasileiro, uma cidade dentro dos moldes mais racionalistas idealizados pelo urbanismo modernista europeu. [7].

Essa pesquisa, entende-se que o Concretismo renasce de um movimento modernista, entre as décadas de 50 e 60, momento de transformações contemporâneas, e acontecimentos importantes o advento da pílula anticoncepcional, a minissaia, o tropicalismo, Roberto Carlos e a jovem guarda, as novelas de televisão, o surgimento do movimento Hippie, a conquista do espaço, o milagre econômico das bolsas de valores entre outros acontecimentos históricos e marcantes. A preocupação com a estética, com a arquitetura, curvas sinuosas e modernas do arquiteto Oscar Niemayer e Lúcio Costa com a construção moderna de Brasília, ficam claros na característica modernista, nada de deixar espaços numa folha em branco. A poesia com seus movimentos e sons. Cabe a nós público, refletir sobre o que esse movimento Concretista do Brasil quis nos mostrar, tanto na arte, na estética e na poesia.

Obras do Movimento Concretista

Poema “Luxo” (1965), de Augusto de Campos, do livro Viva vaia (1979).
Poema “Luxo” (1965), de Augusto de Campos, do livro Viva vaia (1979)

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Obra de Augusto de Campos: O Pulsar (1975)
Augusto de Campos: olho por olho, 1964
Augusto de Campos: olho por olho, (1964)

Conforme pesquisa, a enciclopédia cultural afirma que os produtos norte-americanos, importados ou produzidos pelas multinacionais que chegavam ao país, modificavam o cotidiano: Coca-Cola, eletrodomésticos e chicletes passaram a fazer parte da vida das pessoas, assim como o rock and roll e outros elementos culturais que caracterizavam o “american way of life”, cada vez mais admirado pelos brasileiros. Para muitos setores da sociedade, no entanto, essa “invasão americana” não era nada positiva, e as críticas ao modelo econômico de Juscelino, que procurara atrair capitais estrangeiros, foram se intensificando. [8]

Características do Concretismo: Segundo pesquisa no site Conhecimento Científico, a ideia principal dos concretistas era incorporar a realidade ao trabalho artístico. Assim, os quadros e poesias traziam figuras arquitetônicas e esculturais do dia a dia. Além disso, proporcionavam também várias possibilidades de leitura por meio de diferentes ângulos visuais. Então, esse tipo de concepção artística é o que conhecemos por plástica.

Sendo assim, essas são as principais características do concretismo dentro das artes plásticas: Busca de precisão nas formas; Uso de formas abstratas; Influência do Cubismo; União entra a forma e o conteúdo; Defesa da racionalidade, lógica e cientificismo. [9]

Abaixo temos a imagem do poema concreto “Beba Coca-Cola”(1957) de Décio Pignatari. A partir de 1952, os poetas Augusto de Campos, seu irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, deixaram para trás uma estética conservadora de caráter formalista. O Concretismo permitiu a incorporação de elementos de outras mídias (visuais, auditivas, táteis) ao texto. O verso é abolido; há valorização dos aspectos visual e sonoro; os vocábulos são representados nos seus aspectos geométricos, além da ênfase na racionalidade.

Décio Pignatari
Beba Coca – Cola (1957)

Poema de Décio Pignatari, do livro Poesia pois é poesia (1986)

Nesse poema da Coca – Cola percebemos que Décio Pignatari faz alusão a uma importante empresa, utilizando – se um tom de provocação. Mais uma das características do Poema Concretista.

Vídeo para um melhor entendimento e compreensão do Concretismo

Frederico Barbosa – Concretismo – São Paulo na Literatura (2004)

Vídeo de Aula explicativa sobre o Concretismo no Brasil

Referências

[1] Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/concretismo/. Acesso em 16 de Jun. de 2022.

[2] CONCRETISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em : http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo370/concretismo.acesso em 07 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.370ISBN: 978-85-7979-060-7

[3]Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/concretismo.htm. Acesso em 07 de jun. de 2022.

[4] Disponível em: https://www.portugues.com.br/literatura/concretismo.html. Acesso em 07 de junho de 2022.

[5] CONCRETISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo370/concretismo. Acesso em 07 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

[6] Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/artes/concretismo.htm. Acesso em 07 de Jun. de 2022. CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Humanitas: FFLCH – USP, 1998.

[7] Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo370/concretismo. Acesso em: 07 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.

[8] Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo370/concretismo. Acesso em: 07 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.

[9] Disponível em: https://conhecimentocientifico.com/concretismo/. Acesso em 07 de jun. de 2022.)

Referência Bibliográfica

CAMPOS, Augusto de, Décio Pignatari, Haroldo de Campos. Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960 – Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2006.

Fotos

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Theo_van_Doesburg. Acesso em 07 de Jun. de 2022.

Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Maiakovski# Acesso em 07 de Jun. de 2022.

Obras Citadas

Disponível em: https://www.dicio.com.br/concretismo/. Acesso em 16 de Jun. de 2022.

GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra2635/grupo-frente. Acesso em: 07 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/Acesso em 06 de jun. de 2022.

Arte concreta no Brasil: movimento, artistas e obras. Disponível em: https://laart.art.br/blog/arte-concreta-no-brasil/.Acesso em 06 de Jun. de 2022.

Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=291. Acesso em 06 de Jun. de 2022.

Disponível em: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=225. Acesso em 06 de Jun. de 2022.

Concretismo: características, autores, poesias – Português Disponível em: https://www.portugues.com.br. Acesso em 06 de Jun. de 2022.    

Concretismo: contexto, características, autores – Brasil Escola Disponível em: https://uol.com.br. Acesso em 04 de Jun. de 2022.

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Concretismo. História das Artes, 2022. Disponível em: https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/abstracionismo-geometrico/concretismo/. Acesso em 07 Jun. 2022.

https://artout.com.br/lygia-clark/. Acesso em 07 Jun. 2022.

https://arteconcretista.wordpress.com/about/.Acesso em 07 de Jun. 2022.

https://www.portugues.com.br/literatura/cinco-poemas-concretismo.html. Acesso em 07 de Jun. 2022.

https://brigadaspopulares.org.br/maiakovsky-o-poeta-da-revolucao/.Acesso em 07 de Jun. 2022.

http://maricalman.blogspot.com/2014/01/um-pouco-sobre-helio-oiticica-artes.html. Acesso em 07 de Jun. 2022.

https://www.arteeblog.com/2014/10/a-arte-do-poeta-ferreira-gullar.html. Acesso em 07 de Jun. 2022.

http://www.elfikurten.com.br/2016/02/haroldo-de-campos.html. Acesso em 07 de Jun. 2022.

Feminismo na arte

Escrito por: Raquel de Assis Russo

Firelei Báez – Galeria Wendy Norris

Segundos uma breve pesquisa realizado em sites de busca, feminismo é um movimento político, social, filosófico e ideológico que visa a ampliação legal dos direitos das mulheres, equiparando seus direitos aos dos homens. Liberando-as dos padrões patriarcais, que se baseiam em normas de gênero. O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. Movimentos esses que se dividem em três fases, a primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira na década de 1990 até os dias de hoje. A teoria feminista surgiu destes movimentos femininos e se manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história feminista, a crítica literária feminista, e arte feminista.

Feminismo na Arte

A arte feminista, assim como os outros movimentos feministas surgiu para prover a igualdade de gênero também na arte. Segundo fulano de tal (ANO) , As primeiras obras desse movimento surgiram nos anos de 1960, mas ganhou força a partir de 1970. Esse movimento artístico não se restringiu a um único lugar, mas essas mulheres artistas estão espalhadas por todos os continentes unidas por um só propósito, trazer visibilidade a arte feminista, sem discriminação de gênero se opondo a qualquer tipo de violência contra a mulher. Antes desse movimento as mulheres artistas eram invisíveis para o setor da arte. Com o movimento feminista na arte, houve reconhecimento e valorização, além de ampliação do conceito de arte. (The Art Story)

Segundo a Equipe Editorial da Arte Ref (que é? precisa explicar, pois se trata de um site e o leitor precisa saber se afonte é confiável…) a arte feminista trouxe novas perspectivas incluindo novas mídias como vídeos, cinema e artes em fibra, além das artes tradicionais, como a pintura, também a arte conceitual, corporal e performática.

Em 1960 artistas como Eva Hesse e Louise Bourgeois, já apresentavam em suas obras traços de arte feminista, mesmo que de forma discreta, o que lhes rendeu a consideração de pré-feministas nessa área. A segunda onda do feminismo, a guerra do Vietnã, movimentos políticos e sociais por direitos civis, impulsionaram o movimento de arte feminista na década seguinte.

A década de 1970 foi marcada pela luta para maior representatividade da mulher em instituições artísticas, e também a criação de organizações paralelas para valorizar a arte feminista, com exposições, espaços artísticos, livrarias, entre outros. Artistas como Judy Chicago, Miriam Schapiro, Carolee Schneemann, Mary Beth Edelson, Martha Rosler, Lynda Benglis e Mónica Meyer marcaram essa década.

Nos anos de 1980 as artistas, baseadas na psicanalise, focaram mais no corpo de forma intelectual. A artista Barbara Kruger e o coletivo The Guerilla Girls (As Garotas Guerrilheiras), se destacaram nessa década.

Na atualidade a arte feminista se conecta não somente ao gênero, mas também sexualidade, etnia e classe social. Candice Breitz, Shirin Aliabadi, Shani Rhys James e Alexandra Gallagher, são importantes artistas da atualidade. (The Art Story)

Feminismo na Arte com Daniela Kern,  

Feminismo na História da Arte

Referencias Bibliográfica

EQUIPE EDITORIAL. O QUE É A ARTE FEMINISTA? MOVIMENTOS ARTEREF <https://arteref.com/movimentos/o-que-e-a-arte-feminista/#:~:text=%C3%8  9%20uma%20categoria%20de%20arte ,esperan%C3%A7a%20de%20levar%20%C3%A0%20igualdade.>acessado em 06/06/22

KERN, Daniela. FEMINISMO NA ARTE <https://www.youtube.com/watch?v=A6e0 46WEMs> acessado em 06/06/22

The Art Story. ARTE FEMINISTA<https://www.theartstory.org/movement/feminist-art/#nav/&gt; acessado em 07/06/22

Raquel, tente encontrar outra fonte para fazer demonstrar que pesquisou. É importante que seu leitor saiba que esse verbete não é uma cópia de um site único e sim é proveniente de uma pesquisa…

Expressivismo

Taila Lopes
O conceito “Expressivismo” pode ser definido como a teoria em que a arte é um meio de expressão. Considerando a etimologia da palavra, é possível perceber a existência do prefixo ex- “fora”, para formar expressio, o que pode ser entendido como “manifestar do pensamento, extrair da mente de uma pessoa” (ORIGEM DA PALAVRA, 2019, p.1).  

Quando se pesquisa esse termo, seu uso se encontra num contexto de inovações filosóficas do século 20, em que leitores buscam reagir a obra póstuma de Ludwig Wittgenstein, “Investigações Filosóficas”, publicada em 1953. A obra instigou Peter F. Strawson e Norman Malcolm, que em 1954 publicaram resenhas na The Philosophical Review 63, o que revela a possibilidade desse momento ter sido a origem do expressivismo (SANTOS, 2018, p.5). 

Entretanto, anteriormente, a discussão sobre o expressivismo teve grande contribuição do escritor romancista russo Lev Nikolaevitch Tolstoi, o qual em 1897 discute definições de arte e propõe revoluções estéticas em seu livro “O que é arte?”, no qual demorou mais de 15 anos para ser escrito. Para Tolstoi, a arte “começa quando um homem, com o propósito de comunicar aos outros um sentimento que ele experimentou certa vez, o invoca novamente dentro de si e o expressa por certos sinais exteriores” (TOLSTOI, 1897, p. 64 apud SANTIAGO, 2019, p.1).  

O que é arte? (1897), Lev Nikolaevitch Tolstoi

Um dos principais nome da teoria de arte expressivista, Tolstoi em sua obra “O que é arte?”, defendia o posicionamento de que as afirmou que “as obras de arte são a expressão e comunicação intencional de um sentimento vivido pelo artista para provocar o mesmo sentimento no público receptor, ou seja, não há arte quando o espetador não sente qualquer emoção ou quando a que sente não é idêntica à do artista” (ARTS AND CULTURE, 2022, p.1).  Em termos de crítica da arte, o principal aspecto analisado está na capacidade de comunicar e de provocar a mesma emoção do artista no público que aprecia a obra.  

Em contrapartida, é possível observar que havia uma outra linha de pensamento acerca da teoria expressivista, sendo esta defendida pelo filósofo inglês,  Collingwood. Para ele, no expressivismo o autor “não possui a emoção estética que a sua obra produzirá na audiência e em si mesmo. O que ele possui é uma “excitação emocional”, um sentimento indefinido e incompreensível.” (COSTA, 2005, p.1). Isto é, a obra de arte aflora e provoca determinados sentimentos que variam em cada receptor, mas não evoca no leitor os mesmos sentimentos que o artista teve ao criar aquela obra. Como por exemplo, para ele um receptor que já foi para alguma guerra, se sensibiliza muitos mais com o quadro Guernica do que em relação a uma pessoa que só ouviu falar sobre a guerra, mas não a vivenciou de fato.  

Dito isso, é importante distinguir os conceitos expressionismo e expressivismo, cujo o primeiro se trata do movimento artístico enquanto o expressivismo aborda a teoria de crítica da arte, num âmbito um tanto idealista de entendimento da arte como meio de comunicação sem mediações, conforme visto em sala de aula. Para elucidar essa diferença, vale dizer as principais características do movimento expressionista, cujas são a propagação de sentimentos e emoções relacionadas, em boa parte ao trágico e sombrio, através de cores vibrantes e jogos de luz. Além da distorção intencional das imagens, ocorre a representação subjetiva sob a perspectiva do autor acerca da realidade e da relação entre o ser humano e a natureza. (ARTS AND CULTURE, 2022, p.1). Portanto, infere-se que os dois conceitos tem a arte como forma de expressão, mas um se trata de um movimento de arte e outro de uma teoria de crítica de arte. Abaixo está o quadro “O Grito” (1893) de Edvard Munch, uma obra expressionista.

O grito (1893), Edvard Munch

Para concluir a pesquisa, o interessante é extrair aspectos comuns entre os autores para assim definir a teoria de arte expressivista, em que para ambos a arte serve como meio de comunicação de sentimentos e emoções. Além de que, realmente é possível sentir certas emoções que as obras de arte parecem transmitir. Entretanto, é importante dizer que ao se fazer uma crítica de arte, é necessário levar em consideração o fato de que cada ser humano tem sua forma de sentir e interpretar as emoções expressas sendo que as “emoções consistem em muitas formas diferentes” (UKESSAYS, 2018, p.1).  

REFERÊNCIAS

ARTS AND CULTURE. Arte como Expressão. Disponível em: https://artsandculture.google.com/usergallery/hQIyFYhuDUlhIQ. Acesso em 04 de junho de 2022. 

COSTA, Cláudio. Crítica. Disponível em: https://criticanarede.com/est_tarte.html. Acesso em 04 de junho de 2022. 
 
ORIGEM DA PALAVRA. Expressão. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/expressao/. Acesso em 04 de junho de 2022.  

SANTIAGO, Alan. Livro de Tolstói propunha uma revolução estética e moral por meio da arte. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/cultura/leon-tolstoi-o-que-e-arte/. Acesso em 04 de junho de 2022 

SANTOS, César. As origens do expressivismo e o ponto de Geach. Dissertatio – Revista de Filosofia, Universidade Federal de Santa Maria, volume 6, fevereiro de 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/dissertatio/article/view/11774

UKESSAYS. What Is Art? Expressivism in Art. Disponível em: https://www.ukessays.com/essays/philosophy/what-is-art-definition-philosophy-essay.php?vref=1. Acesso em 04 de junho de 2022

Minimalismo

Por Samuel Nobrega Cortinas

1 ETIMOLOGIA

A palavra “minimalismo” vem do latim minimus, que significa “menor”, “minuto”, “insignificante”. Em meados do século XV, o termo aplicava-se à música, no que tange à nota mais curta usada em uma melodia medieval. Também, o substantivo era utilizado no sentido de tempo, como “menor” ou “mais curto”. Em 1907, “minimalismo” (menchevique) passou a caracterizar os russos que defendiam reformas ou políticas moderadas. Na arte, o termo foi registrado pela primeira vez em 1967 para se referir a uma série de movimentos na história da arte do século XX (será versada posteriormente). ( Fonte: minim | Search Online Etymology Dictionary (etymonline.com) )

2 MINIMALISMO NA ARTE

Escultor romeno Constantin Brancusi (1876-1957).

O movimento minimalista norte-americano que ocorreu em meados do século XX teve como influência o construtivismo romeno e russo, que buscavam uma linguagem universal da arte e uma fácil absorção. O escultor romeno Constantin Brancusi contribuiu significativamente para o desenvolvimento de uma arte mais pura no sentido formal, que possibilitou a abertura de um caminho de diversas abstrações posteriores, como o minimalismo. Dentre as abstrações desenvolvidas por artistas norte-americanos, destaca-se a geométrica. No decorrer da primeira fase da Revolução Russa, o construtivismo artístico foi considerado um projeto de Estado para criar uma sociedade vanguardista que dependeria de uma cultura de vanguarda. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Minimalismo)

“Convergência” de Jackson Pollock.

Posteriormente, o movimento minimalista nas artes visuais surge no fim da década de 1950 e início dos anos de 1960 em Nova York, cidade considerada como o centro artístico mundial, em que já se observava o expressionismo abstrato de Jackson Pollock (1912-1956) e Willem de Kooning (1904-1997). O minimalismo aparece em um cenário de ebulição de diversos movimentos contraculturais e expressões artísticas como a arte pop nos Estados Unidos, além de se opor à vivacidade romântica deste expressionismo abstrato mencionado. Kerr Houston afirmou:

O minimalismo surgiu como uma alternativa ao expressionismo abstrato e ao que Greenberg chamou de “abstração pós-pintura”. A arte pop também chegou com força, em uma exposição de 1962 na Sidney Janis Gallery; em 1966, Lucy Lippard havia escrito um livro sobre o novo movimento, que tendia a abraçar imagens banais e os princípios do design comercial. Allan Kaprow estava refinando seus Happenings (que foram as primeiras incursões na arte performática), e Nam June Paik, que se mudou para Nova York em 1964, estava criando um trabalho de vídeo pioneiro (2013, p. 64).

Obra minimalista de Donald Judd (1990).

Autores minimalistas como Donald Judd (1928), Ronald Bladen (1918-1988) e Tony Smith (1912-1980) utilizarão das influências do suprematismo de Kazimir Malevich (1878-1935), do construtivismo abstrato e o estilo de Piet Mondrian (1872-1944) para compor suas obras, sobretudo no que diz respeito aos trabalhos abstratos de teor geométrico, que se aproximam à estética industrial, na forma e nos materiais utilizados. Judd, em 1960, apresenta as estruturas e materiais utilizados em sua arte, explorando padrões e regularidades, de modo matemático. Já Smith, em suas obras, trabalha o sentido de totalidade e inteireza, vide a peça de aço intitulada Die, 1962, além de desenvolver recortes geométricos como em Amaryllis, 1965. (Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3229/minimalismo)

Cubos espelhados de Robert Morris.

Paralelamente, no movimento minimalista, teve uma outra linhagem de trabalhos, que foram inspirados nos ready-mades ­de Marcel Duchamp (1887-1968) e nas esculturas de Constantin Brancusi (1876-1957). Os autores importantes desta vertente minimalista são: Carl Andre (1935), Dan Flavin (1933-1996) e Robert Morris (1931), os quais descontruíram as diferenças entre arte/não-arte e se opuseram à institucionalização dos objetos artísticos. A título de exemplo, as toras de madeira em zigue-zague de Carl Andre, intituladas Cedar Piece, 1959, faz referência à Endless Column de Brancusi. Andre parece recusar a metáfora ou um conteúdo a ser decifrado. Outro importante nome para o minimalismo é Sol LeWitt (1928-2007), que se destacou a partir de suas wall drawings (desenhos de parede), embora, segundo críticos de arte, LeWitt esteja associado fortemente à arte conceitual.

Wall Drawing #1136 de Sol LeWitt.

As obras de James Turrell (1941), Ellsworth Kelly (1923), Eva Hesse (1936-1970), Bruce Nauman e Richard Serra (1939) baseiam-se em muitos aspectos pelo minimalismo nos Estados Unidos. De outro modo, as experiências da earthwork, de Robert Smithson (1938-1973) e Walter de Maria (1935), podem ser tidas como herdeiras diretas da concepção minimalista. As obras de Frederick Lane Sandback (1943) comprovam a força de uma geração recente de minimalistas. Apesar de fixada nos Estados Unidos, a minimal art alcança a Europa, em trabalhos como os de Joseph Beuys (1912-1986), Yves Klein (1928-1962), Anthony Caro (1924), etc.

Capa do catálogo da 8ª Bienal (1965).

A 8ª Bienal Internacional de São Paulo (1965) abrigou obras minimalistas de Donald Judd e Frank Stella. No Brasil, não há autores estritamente minimalistas, mas são apontados artistas que se destacam por produzirem arte com ideais da minimal arte, como Carlos Fajardo (1941) e Ana Maria Tavares (1958). Certas obras de Fábio Miguez (1962) e Carlito Carvalhosa (1961), bem como os trabalhos de Cássio Michalany (1949), apresentam fortes ligações com o conceito minimalista.

3 ENTENDIMENTO DO TERMO

A partir da década de 1960, o termo “arte minimalista” passou a ser compreendido como uma arte que ressalta formas elementares, sobretudo geométricas, que se opõem à ilusionismos e metáforas na experiência artística. Boa parte do objeto da arte mistura-se entre pinturas e esculturas, despido de conteúdos intrínsecos ou sentidos externos ao observador da arte. Logo, a verdade artística já se encontra na realidade física da pessoa que observa, a qual precisa se atentar ao ponto de vista adequado para a apreensão da obra, não havendo efeitos de decoração e/ou expressão.  Desconsidera-se na noção de arte minimalista a arte como portadora de ideias e emoções, pois o trabalho artístico se concentra estritamente nos objetos materiais. A partir dessa concepção, aparecerá um vocabulário como despojamento, simplicidade e neutralidade. Cabe-se pontuar, também, que serão utilizados diversos materiais do campo industrial como vidro, aço, acrílico etc. Em 1966, Wollheim reforça o conceito minimalista nas artes visuais, ao afirmar que produções artísticas dos anos 60 se baseavam em “conteúdos mínimos”, apesar de não distinguir linhas e tendências dentro do minimalismo, o que será realizado posteriormente. (Fonte: https://www.wikiart.org/pt/artists-by-art-movement/minimalismo#!#resultType:masonry )

4 AUTORES IMPORTANTES

Anthony Peter Smith (23 de setembro de 1912 – 26 de dezembro de 1980) foi um escultor americano, artista visual, designer de arquitetura e um notável teórico da arte. Ele é frequentemente citado como uma figura pioneira na escultura minimalista americana.

Ronald Bladen (13 de julho de 1918 – 3 de fevereiro de 1988) foi um pintor e escultor americano. Ele é particularmente conhecido por suas esculturas em grande escala. Sua postura artística foi influenciada pelo construtivismo europeu, pela pintura americana Hard-Edge e por escultores como Isamu Noguchi e David Smith.  Bladen, por sua vez, teve um efeito estimulante em um círculo de artistas mais jovens, incluindo Carl Andre, Donald Judd, Sol LeWitt e outros, que repetidamente se referiam a ele como uma das “figuras paternas” da Arte Minimalista.

Donald Clarence Judd (Excelsior Springs, 3 de Junho de 1928 – Manhattan, 12 de Fevereiro de 1994) foi um pintor e artista plástico minimalista, norte-americano. Pintor norte-americano, Donald Judd nasceu em 1928, em Excelsior Springs (Missouri), nos Estados Unidos da América. Frequentou a escola de arte Art Students League e a Columbia University, ambas em Nova Iorque. Donald Judd procura superar o carácter representativo, ilusório e simbólico da pintura e dedica-se exclusivamente à escultura. Interessa-lhe a tridimensionalidade da escultura e a relação que os objetos estabelecem com o espaço e com o solo. Nos seus trabalhos, que resultam de uma radical simplificação das formas, dos materiais e das cores, o artista pretende acentuar as qualidades físicas e plásticas, sem imitar ou expressar nada para além da realidade física e sensível das formas. Esta redução expressiva e formal é acompanhada pela quase eliminação do contacto direto do artista na produção das peças que muitas vezes eram inteiramente produzidas em fábricas. Os materiais que mais utiliza são o contraplacado, o ferro, o alumínio e a madeira, muitas vezes pintados. Um dos seus trabalhos mais conhecidos, a série de esculturas que são designadas por “Pilhas”, resultam da repetição vertical de caixas retangulares, ao longo de uma parede. Apresentam uma das ideias de composição recorrentes nas obras de Judd: a serialidade, a combinatória e a variação de figuras simples. Para além de esculturas, Donald Judd desenhou algumas peças de mobiliário. Morreu em 1994, em Nova Iorque.

Robert Morris (nascido em 9 de fevereiro de 1931 em Kansas City, Missouri) é um escultor, artista conceitual e escritor americano. Ele é considerado um dos teóricos mais proeminentes do Minimalismo, juntamente com Donald Judd, mas também fez importantes contribuições para o desenvolvimento da performance art, minimalist, land art, o movimento Process Art e a arte da instalação. Morris vive e trabalha em Nova York. Em 2013, como parte dos Arquivos de outubro, o MIT Press publicou um volume sobre Morris, examinando seu trabalho e influência, editado por Julia Bryan-Wilson.

 Dan Flavin (1 de abril de 1933 – 29 de novembro de 1996) foi um artista minimalista americano famoso por criar objetos e instalações esculturais a partir de luminárias fluorescentes comercialmente disponíveis.

Carl Andre (nascido em 16 de setembro de 1935) é um artista minimalista americano e reconhecido por seu formato linear ordenado e esculturas em formato de grade. Suas esculturas vão desde grandes obras de arte públicas (como Stone Field Sculpture, 1977 em Hartford, CT e Lament for the Children, 1976 em Long Island City, NY) até padrões de azulejos mais íntimos dispostos no chão de um espaço de exposição (como 144 Lead Square, 1969 ou Vigésimo Quinto Cardeal de Aço, 1974). Em 1988, André foi julgado e absolvido da morte de sua esposa, a artista plástica Ana Mendieta.

 Solomon “Sol” LeWitt (9 de setembro de 1928 – 8 de abril de 2007) foi um artista americano ligado a vários movimentos, incluindo a arte conceitual e o minimalismo. LeWitt chegou à fama no final dos anos 1960 com seus desenhos de parede e “estruturas” (um termo que ele preferia em vez de “esculturas”), mas foi prolífico em uma ampla gama de mídias, incluindo desenho, gravura, fotografia, pintura, instalação e livros de artista. Ele tem sido objeto de centenas de exposições individuais em museus e galerias de todo o mundo desde 1965.

Frank Philip Stella (12 de maio de 1936) é um artista plástico contemporâneo norte-americano,. Seu trabalho abrange pintura, objetos, arte gráfica e projetos arquitetônicos. Inicia seus estudos artísticos na Phillips Academy e na Universidade de Princeton, vendo-se influenciado pelas obras de Noland, especialmente por seus quadros recortados que estavam pintados com cores planas ou bandas monocromáticas. Acabaram se conhecendo na exposição “Sixteen Americans” que organizou no MOMA em 1959. Ao renunciar ao expressionismo abstrato, Stella converte-se desde a década de 1960 num dos máximos representantes da abstração geométrica e construtivista que preludia a arte minimalista.

5 IMAGENS E VÍDEOS

Para um melhor entendimento da arte minimalista, veja alguns vídeos que explicam o movimento, contextualizando-o na história da arte, além de mencionar seus principais autores.

Vídeo explicativo sobre a arte minimalista

Vídeo Minimal Art: The 25 Most Important Minimal Artists

Escultura minimalista de Donald Judd

Escultura Standing Open Structure Black – Sol LeWitt (1964)

Tony Smith (1964)

Três Elementos – Ronald Bladen (1965)

Wall Drawing #522 – Sol LeWitt (1987)

Frank Stella – pintura Harran II – (1967)


Espuma de poliuretano e equipamento de som – Carlos Fajardo (1985)

Sobre a Pureza Visual – Ana Maria Tavares (2012)


Die – Tony Smith (1962)

Cedar Piece – Carl Andre (1959)

REFERÊNCIAS

https://www.etymonline.com/search?q=minim

https://pt.wikipedia.org/wiki/Minimalismo

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3229/minimalismo

https://www.wikiart.org/pt/artists-by-art-movement/minimalismo#!#resultType:masonry

HOUSTON, K. “History of art criticism”in: Introduction to Art Criticism, An: Histories, Strategies, Voices, Pearson; Maryland Institute College of Art, 2013. pp. 23-81.

Expressionismo Abstrato:

Felipe Amorim Kasteckas

Autumn Rhythm: Number 30, obra de Jackson Pollock ano 1950.

O Expressionismo abstrato é um movimento artístico que tem origem em Nova York no período pós Segunda Guerra Mundial. É o primeiro estilo artístico norte-americano a obter reconhecimento internacional.
Conhecido também como “Escola de Nova York” essa manifestação artística mescla elementos do expressionismo alemão, arte abstrata, futurismo, cubismo e surrealismo. O nome surge da combinação entre a estética do expressionismo alemão com as Escolas abstratas da Europa.

O termo “Expressionismo Abstrato” já havia sido usado anteriormente como referência as obras do artista russo Wassily Kandinsky (1866-1944), porém a expressão ganhou notoriedade a partir de um artigo do crítico Harold Hosemberg (1906-1978). O artigo “Artistas americanos do Action Painting” publicado em 1952 no jornal “Art News” acabou por denominar como expressionismo abstrato o movimento norte-americano. O crítico de arte do The New Yorker Robert Coates também foi responsável pelo fortalecimento do nome, Clement Greenberg em seu livro “Arte e Cultura” o aponta como inventor do nome. (GREENBERG, p. 215).

A crise financeira dos anos 30, somada ao impacto da Segunda Guerra Mundial foram determinantes para que artistas buscassem processos mais orgânicos, diferente do que vinha sendo produzido na Europa, como o abstracionismo geométrico. Não possui um manifesto, nem projeto explicitado como os movimentos do construtivismo, dadaísmo ou o surrealismo. Não se caracteriza por uma ideologia definida, embora, de forma antagônica, tal característica represente uma ideologia.

Uma nova percepção do espaço pictórico e uma nova temporalidade, com a permanência do inacabado, rasura e registro dos pingos escorrendo dão a característica de que as coisas estão em processo. (ROTH, p. 5).

Entre os artistas inseridos no movimento, podemos destacar os norte-americanos Jackson Pollock, Clyfford Still, Barnett Newman, Norman Bluhm, Franz Kline, o neerlandês Willem de Kooning, o letão Mark Rothko e o canadense Philip Guston e Franz Kline.

Jackson Pollock, por muitos, é considerado o grande nome entre eles, suas obras eram criadas com técnicas como o dripping (gotejamento), processo em que contempla o respingo da tinta sobre a tela.
Seu processo de criação também é caracterizado pelo action painting, técnica em que permite a observação do gesto pictórico e não apresenta esquemas prévios. Representa poder e movimento.

No momento em que os Estados Unidos se despontava economicamente para o mundo, a arte expressionista abstrata, assim como o jazz, surgiram dando identidade cultural ao país que emergia. (MEDINA, p. 16)

Woman I (1950-52) de Willem de Kooning

A obra Woman I, de Willem de Kooning, levou quase dois anos para ser concluída. Segundo sua esposa Elaine, de Kooning pintou mais de 200 versões da mulher na mesma tela. Para esta obra, o pintor trabalhou com traços angulares e frenéticos em várias direções. Usou traços grossos e finos, as vezes transparentes, as vezes fortes, ásperos em determinadas partes e lisos em outras. (SINGULART)

Um alto grau de “não comunicação” é característico nas obras, onde não se extrai uma mensagem da pintura por meios corriqueiros. O artista não firma compromisso em transmitir uma mensagem direta, mas sim a contemplação e conexão com o sentimento e imaginação dele próprio.

Barnett Newman também foi crucial para o movimento, além de ser considerado precursor do minimalismo. Suas obras são caracterizadas por uma faixa na vertical, auto denominada de “zip”, que percorre toda a extensão dos quadros.

Adam (1951-52) de Barnett Newman

O crítico de arte Clement Greenberg foi de fundamental importância para o estabelecimento do movimento. Sua defesa de artistas como Pollock está registrada nas histórias da arte.

Através do caráter monumental das obras, e onde o fazer se apresenta com protagonismo, o Expressionismo abstrato modificou o conceito de espaço nas artes plásticas até a contemporaneidade. (ROTH)

Referências:

https://blog.singulart.com/en/2019/12/11/action-painting-and-willem-de-koonings-woman-i/

MEDINA, Camila Pisani. Jackson Pollock e o Jazz: Artes de ação sob uma arte fenomenológica. 2020. Tese (Mestrado em História Social da Cultura) – PUC, Rio de Janeiro, 2020.

GONÇALVES, R. Clement Greenberg, o Expressionismo Abstrato e a crítica de arte durante a Guerra
Fria. In: Cultura Visual, n. 19, julho/2013, Salvador: EDUFBA, p. 101-114

TRINTA, Nataraj. O expressionismo abstrato. Educação pública, 2009. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/9/37/o-expressionismo-abstrato. Acesso em: 02/jun/2022.

GREENBERG, Clement. Arte e Cultura. Editora Ática, São Paulo, 1996.

ROTH, Clara Cavendish Wanderley. Expressionismo Abstrato Americano: expansão para o espaço. Eutomia, 2009.