arte minimalista

Geraldo Evangelista de Azevedo[1]

Um caminho possível para definir a arte minimalista é concentrar nos seus efeitos. No desejo de expressá-la, os artistas minimalistas estão sempre buscando fazer com que suas obras, seja na pintura, na escultura ou na literatura, ultrapassem as fronteiras do abstrato especulativo, e que resultem numa manifestação do concreto tal como ele é dado na intuição sensorial, ou seja, útil, limpo e simples.  

Os minimalistas são utentes e sectários das formas simples. Uma exposição minimalista nos traz poucas informações e quase nenhuma narrativa sobre a forma e sua concepção, mas que atende ao conceito contemporâneo, penso eu, e a máxima do adágio “menos é mais”.

Este movimento artístico valoriza as formas geométricas dentro da perspectiva da simplicidade com uma quantidade mínima de objetos. Ele traz nas suas formas e nas suas cores, um lembrete ao expectador do espaço (aqui) e do tempo (agora). Nos seus efeitos, o expectador está mais presente neste espaço e neste tempo.

A arte minimalista traz no seu bojo, como valor estético uma intencionalidade do artista, nada neste campo é neutro. É possível, no seu efeito estético, encontra dois pontos que podem elucidar o propósito do artista minimalista; primeiramente espera-se aproximar pessoas, impactar de certa forma as suas relações e em segunda ordem, fazer ponte entre a mente que interpreta e o objeto manifesto de forma que, consequentemente, quando se faz uma leitura da obra, uma narrativa fictícia dela seja prescindível. 

No contexto histórico, a arte minimalista aparece em meados da década de 1950 e 1960, nos Estados Unidos, como forma de negação à arte iluminista e metafórica. Este é um período pós-guerra. Então, não é nada fora de propósito, que surja uma arte com uma evidente proposta de valorização dos modos industriais da produção e com forte apelo à modernização da vida cotidiana.

É neste cenário que se manifesta também uma certa dependência do artista para com a indústria. Sua produção é subordinada e aglutinada aos meios de produção. Parece ser destinada a obedecer a um dispositivo determinante da necessidade presente. Produz-se para um fim.    

A arte minimalista é desprendida intencionalmente da chamada poluição visual. Nela as informações são cuidadosamente selecionadas, com dileção pelo estético que visa provocar o efeito de afastamento do pandemônio cotidiano. 

Nas esculturas de Donald Judd (1928-1994), o efeito minimalista é o de “superar o aspecto ilusório e narrativo das obras pictóricas”[2]. Nelas encontramos o apreço pelo aspecto temporal e espacial. É agora temporal) que tudo é organizado e é aqui (espacial) que tudo acontece.

O abstrato silêncio e o destaque da interioridade são marcados nas produções da pintora canadense Agnes Martin (1912-2004)[3].

Nas obras do artista norte-americano Sol LeWitt (1928-2007)[4], encontramos uma valorização do volume e da superfície dos objetos, quase sempre em formas de cubo.

O cotidiano urbano está povoado de objetos utilitários, que em muito carrega a semelhança da simplicidade e objetividade das obras da artista mineira Ana Maria Tavares (1958)[5] .

Carlos Fajardo[6] e Ana Maria Tavares[7], ambos são considerados artistas que investigam a escultura e sua instalação. Ele através da pintura e do desenho, ela pelas esculturas. Eles e outros artistas brasileiros como Fábio Miguez, Carlito Carvalhosa, Cassio Michalany entre outros desenvolveram a arte minimalista no Brasil com a proposta de apresentar formas artísticas    com adequações estéticas do minimalismo da América e da Europa no cenário artístico brasileiro.  


[1] Licenciado e bacharel em Filosofia, Mestrando em Educação, Arte e História da Cultura, ambos pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

[2] JUNIOR, Vanderlei Bachega – Professor de Arte e teatro. Graduado em artes Cênicas pela Universidade Estadual de Maringá, habilitação em licenciatura. Mestre e doutorando em Teatro pela PPG em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina. Possui especialização em Voz Profissional pela Unyleya. Artista e produtor cultural em Maringá. Dedicado ao ensino fundamental, médio e ao superior.

[3] Agnes Bernice Martin foi uma pintora abstrata canadense. Seu trabalho foi definido como um “ensaio discricionário sobre a interioridade e o silêncio”. Embora muitas vezes seja considerada uma artista minimalista, Martin se considerava uma expressionista abstrata

[4] escultor, pintor, fotografo, desenhista, muralista, artista gráfico.

[5] Ana Maria da Silva Araújo Tavares é uma artista plástica brasileira, que vive e trabalha em São Paulo

[6] Artista multimídia. Carlos Alberto Fajardo frequenta o curso de arquitetura na Universidade Mackenzie, em São Paulo, entre 1963 e 1972. Na década de 1960, estuda pintura, desenho, comunicação visual e história da arte com Wesley Duke Lee (1931 – 2010), e música contemporânea com Diogo Pacheco (1925)

[7] Idem 5

Referências:

MINIMALISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São        Paulo: Itaú Cultural, 2021

Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia – acessado em 20/06/2022 – 19h23