ARTE E PSICANÁLISE

Rafaela de Andrade Cruz

[1]Arte, de acordo com o dicionário X, é substantivo feminino que caracteriza o conjunto dos princípios e técnicas característicos de um ofício ou profissão. Na filosofia, segundo tradição que remonta ao platonismo, trata-se de a habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional. (de acordo c om o q? pois Filosofia é um campo bem amplo)> Refere-se também a produção consciente de obras, formas ou objetos voltados para expressão da subjetividade humana, os nossos sentimentos e opiniões, assim como para retratar as nossas experiências, transmitir informações e semear beleza, divertimento e reflexão. São expressões da arte: as artes plásticas, as artes visuais, as galerias de arte, o crítico de arte. É a tendência geral e/ou a totalidade das manifestações artísticas em determinada época, fase, lugar etc., como por exemplo a arte do Renascimento, a arte expressionista. Usa-se o termo para se referir ao talento, a contribuição própria da inteligência e da sensibilidade de um artista – por exemplo, a angústia da arte de Van Gogh, a estranha arte de Augusto dos Anjos.

[1], “Psicanálise” – é um substantivo feminino que se refere à teoria da alma (no sentido de ‘psique’) criada por Sigmund Freud (1856-1939, neurologista austríaco (seria correto dizer isso? verificar)). Trata-se de um método terapêutico criado por Sigmund Freud, empregado em casos de neurose e psicose, que consiste fundamentalmente na condução do processo de interpretação, por um psicanalista, dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo, com base nas associações livres e na transferência.

HISTÓRIA (acho que não é o caso de subtitulo aqui)

Essas duas formas de expressão e compreensão do homem, a Psicanálise e a arte do século XX, nascidas na mesma época se atraem, se distanciam e se esbarram e é sobre esses encontros e desencontros que este verbete tratará.

PSICANÁLISE NA ARTE

“Uma simples coletânea de sonhos sem as associações do sonhador, sem o conhecimento das circunstâncias em que eles ocorreram, não me diz nada, e mal consigo imaginar o que possa dizer aos outros”
(Carta de Freud a André Breton)

Então, se à Freud a simples expressão da obra não lhe diz nada, o que seria esse encontro entre a psicanálise e a arte?

Ambas se referem ao ser humano em seus aspectos mais profundos.
Vale aqui um parágrafo explicando que o proprio Freud escreveu bastante sobre arte….mesmo que depois diga que Freud tenha sido conservador etc etc…

Já que para (fulano) Lacan “toda arte se caracteriza por um certo modo de organização em torno do vazio. Não creio que seja uma fórmula vã, malgrado sua generalidade, para orientar aqueles que se interessam pela elucidação dos problemas da arte, e penso dispor de meios para ilustrá-lo de maneira múltipla e muito sensível.” (apud KOSOVSKI, 2022) e objeto de estudo da psicanálise é o insciente (existe essa palavra?) deste sujeito que se apresenta em todas as suas formas de expressão (fala, pensamentos, ações etc.).

Podemos pensar na psicanálise como transferindo o dito do artista, da imaginação para o real, atribuindo-lhe estatuto da verdade do sujeito. Contudo essa aproximação e interesse da psicanálise pela arte, não se fez presente em algo que possa ser entendido como uma “teoria da arte”, mas como recurso para pensar nos “paradoxos das satisfações humanas; à repetição e criação do novo; ao objeto em jogo no fascínio e na angústia; à catarse e purgação dos afetos; à estrutura e função da fantasia; aos problemas postos pela estética” (KOSOVSKI, 2022), entre tantos outros.

CRÍTICA DE ARTE E PSICANÁLISE

Pode-se pensar nessa articulação tanto na práxis psicanalítica e como no campo da crítica de arte, tratando-se o real pelo simbólico (isso significaria o que?) . Contudo, há a ilusão na figura do “psicanalista-crítico de arte”, pois o saber que este detém pouco se diz respeito ao mundo das artes, o lugar que ele ocupa pouco ou nada terá a acrescentar ao trabalho da crítica.

Apesar de Lacan discorrer sobre a arte, ele próprio fala sobre sua posição ao esclarecer que “indicar referências como essas, não é de modo algum entrar no jogo histórico, movente, da crítica” (LACAN apud KOSOVSKI, 2022).

Pode-se dizer que o crítico é aquele que, de modo simplório, dentre outras funções, está investido do papel de tentar estabelecer uma conexão entre o público e a obra de arte, fazendo transpor a sua legitimidade. O que reforça a distância do papel deste com o do psicanalista.

ALGUMAS OBRAS

Em sua obra, A agressividade em psicanálise (REF), Lacan afirma que as representações de corpos despedaçados nos remetem à agressividade do sujeito, e representações estas que fazem parte das imagens do sonho do sujeito, revelando a dimensão real-simbólico-imaginário do sujeito.

Essa representação se apresenta em diversos momentos na história da arte. Tendo chamado a atenção de Lacan, o artista Hieronymus Bosch (1450-1516), considerado como um precursor do sSurrealismo pelos historiadores da arte. Em sua obra “O jardim das delícias” (1503), faz uma representação antitética do céu e do inferno, assim como ao gozo a que diversos homens e mulheres se entregam. (de acordo com Lacan, não?)

Outra obra marcante, também representação do corpo despedaçado, foi a do surrealista alemão Hans Bellmer (1902-1975), ele produziu uma série de esculturas de bonecas de tamanho quase semelhante ao de uma criança. Tendo sido fortemente influenciado por Freud, o artista (nacionalidade) produz Die puppe (1934), uma boneca que ao ser fotografada nas diversas etapas de sua construção, deixando entrever seus membros fragmentados.

Já Freud fazia referência às obras de Michelangelo e Leonardo da Vinci, mantendo “seus gostos em relação à arte relativamente conservadores” (GARCEZ & RUDGE, 2022). Com a 1° Guerra Mundial, sugiram movimentos da vanguarda literária e artística que fizeram referencias explicitas à psicanálise. Ao se aproximarem das ideias de Freud, os artistas “buscavam no espontâneo uma expressão mais livre e revolucionária que irromperia do inconsciente” (ibdem).

O SURREALISMO E A PSICANÁLISE

“Nada,a não ser o maravilhoso, é belo.” (André Bretin, o que é o sSurrealismo, 1934) (acho que é 24…)

O surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, ele “foi por excelência a corrente artística moderna mais próxima da representação do irracional e do inconsciente”, já que interferiam de maneira fantasiosa na realidade. aspas terminam? ref…

“Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem a possibilidade de se expressar plenamente apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle” (GARCEZ & RUDGE, 2022). O nascimento do movimento é marcado historicamente pela publicação do “Manifesto do Surrealismo”, por André Breton em outubro de 1924.

De acordo com o movimento (?), O artista deveria encontrar na introspecção de si mesmo esse ponto no qual a realidade interna e externa são apercebidas sem contradições. A livre associação e a análise dos sonhos transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, os artistas utilizavam-se de técnicas de expressão nas quais se propunha que a mente não exerceria nenhum tipo de controle.

O intuito era despertar a percepção no público de que, ao ser atingido pelas imagens, estas teriam sido criadas pela sua própria mente. Diante disso, o simbolismo estaria representado através dos olhos do próprio espectador e nos significados por ele atribuídos e projetados e não mais pelo viés do artista. E a análise de forma crítica dessas projeções só teria sentido se fossem feitas pelas pessoas para quem elas significavam algo.

O pintor Salvador Dali está entre os nomes mais conhecidos do Surrealismo e é uma dos artistas mais marcantes do século XX. Admirador da psicanálise, era aficionado leitor de Freud e buscava explicações para suas próprias obras na associação livre e no método psicanalítico (GARCEZ & RUDGE, 2022).

ARTE E PSICANÁLISE NA ATUALIDADE

Atualmente, diante da ausência de critérios para avaliar a diversidade de obras e artistas inusitados que tem se apresentado, principalmente nas obras que retratam a fronteira da vida e da arte, tentar se discutir essas obras a partir da subjetividade do artista pode ser uma forte tendência e busca na tentativa de nomear e legitimar essas obras e artistas.     

REFERÊNCIAS

Livros

  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: Do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo:  Companhia das Letras, 1992.
  • DEMPEY, Amy. Estilos, escolas e movimento. São Paulo: Cosac Naif, 2003.
  • RIVERA, T. Arte e psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2 ed. 2005

Artigos

Sites


[1] https://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v6-0/html/index.php#1

Muito bom! verbete claro…