Expressivismo

Taila Lopes
O conceito “Expressivismo” pode ser definido como a teoria em que a arte é um meio de expressão. Considerando a etimologia da palavra, é possível perceber a existência do prefixo ex- “fora”, para formar expressio, o que pode ser entendido como “manifestar do pensamento, extrair da mente de uma pessoa” (ORIGEM DA PALAVRA, 2019, p.1).  

Quando se pesquisa esse termo, seu uso se encontra num contexto de inovações filosóficas do século 20, em que leitores buscam reagir a obra póstuma de Ludwig Wittgenstein, “Investigações Filosóficas”, publicada em 1953. A obra instigou Peter F. Strawson e Norman Malcolm, que em 1954 publicaram resenhas na The Philosophical Review 63, o que revela a possibilidade desse momento ter sido a origem do expressivismo (SANTOS, 2018, p.5). 

Entretanto, anteriormente, a discussão sobre o expressivismo teve grande contribuição do escritor romancista russo Lev Nikolaevitch Tolstoi, o qual em 1897 discute definições de arte e propõe revoluções estéticas em seu livro “O que é arte?”, no qual demorou mais de 15 anos para ser escrito. Para Tolstoi, a arte “começa quando um homem, com o propósito de comunicar aos outros um sentimento que ele experimentou certa vez, o invoca novamente dentro de si e o expressa por certos sinais exteriores” (TOLSTOI, 1897, p. 64 apud SANTIAGO, 2019, p.1).  

O que é arte? (1897), Lev Nikolaevitch Tolstoi

Um dos principais nome da teoria de arte expressivista, Tolstoi em sua obra “O que é arte?”, defendia o posicionamento de que as afirmou que “as obras de arte são a expressão e comunicação intencional de um sentimento vivido pelo artista para provocar o mesmo sentimento no público receptor, ou seja, não há arte quando o espetador não sente qualquer emoção ou quando a que sente não é idêntica à do artista” (ARTS AND CULTURE, 2022, p.1).  Em termos de crítica da arte, o principal aspecto analisado está na capacidade de comunicar e de provocar a mesma emoção do artista no público que aprecia a obra.  

Em contrapartida, é possível observar que havia uma outra linha de pensamento acerca da teoria expressivista, sendo esta defendida pelo filósofo inglês,  Collingwood. Para ele, no expressivismo o autor “não possui a emoção estética que a sua obra produzirá na audiência e em si mesmo. O que ele possui é uma “excitação emocional”, um sentimento indefinido e incompreensível.” (COSTA, 2005, p.1). Isto é, a obra de arte aflora e provoca determinados sentimentos que variam em cada receptor, mas não evoca no leitor os mesmos sentimentos que o artista teve ao criar aquela obra. Como por exemplo, para ele um receptor que já foi para alguma guerra, se sensibiliza muitos mais com o quadro Guernica do que em relação a uma pessoa que só ouviu falar sobre a guerra, mas não a vivenciou de fato.  

Dito isso, é importante distinguir os conceitos expressionismo e expressivismo, cujo o primeiro se trata do movimento artístico enquanto o expressivismo aborda a teoria de crítica da arte, num âmbito um tanto idealista de entendimento da arte como meio de comunicação sem mediações, conforme visto em sala de aula. Para elucidar essa diferença, vale dizer as principais características do movimento expressionista, cujas são a propagação de sentimentos e emoções relacionadas, em boa parte ao trágico e sombrio, através de cores vibrantes e jogos de luz. Além da distorção intencional das imagens, ocorre a representação subjetiva sob a perspectiva do autor acerca da realidade e da relação entre o ser humano e a natureza. (ARTS AND CULTURE, 2022, p.1). Portanto, infere-se que os dois conceitos tem a arte como forma de expressão, mas um se trata de um movimento de arte e outro de uma teoria de crítica de arte. Abaixo está o quadro “O Grito” (1893) de Edvard Munch, uma obra expressionista.

O grito (1893), Edvard Munch

Para concluir a pesquisa, o interessante é extrair aspectos comuns entre os autores para assim definir a teoria de arte expressivista, em que para ambos a arte serve como meio de comunicação de sentimentos e emoções. Além de que, realmente é possível sentir certas emoções que as obras de arte parecem transmitir. Entretanto, é importante dizer que ao se fazer uma crítica de arte, é necessário levar em consideração o fato de que cada ser humano tem sua forma de sentir e interpretar as emoções expressas sendo que as “emoções consistem em muitas formas diferentes” (UKESSAYS, 2018, p.1).  

REFERÊNCIAS

ARTS AND CULTURE. Arte como Expressão. Disponível em: https://artsandculture.google.com/usergallery/hQIyFYhuDUlhIQ. Acesso em 04 de junho de 2022. 

COSTA, Cláudio. Crítica. Disponível em: https://criticanarede.com/est_tarte.html. Acesso em 04 de junho de 2022. 
 
ORIGEM DA PALAVRA. Expressão. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/expressao/. Acesso em 04 de junho de 2022.  

SANTIAGO, Alan. Livro de Tolstói propunha uma revolução estética e moral por meio da arte. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/cultura/leon-tolstoi-o-que-e-arte/. Acesso em 04 de junho de 2022 

SANTOS, César. As origens do expressivismo e o ponto de Geach. Dissertatio – Revista de Filosofia, Universidade Federal de Santa Maria, volume 6, fevereiro de 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/dissertatio/article/view/11774

UKESSAYS. What Is Art? Expressivism in Art. Disponível em: https://www.ukessays.com/essays/philosophy/what-is-art-definition-philosophy-essay.php?vref=1. Acesso em 04 de junho de 2022